terça-feira, 26 de abril de 2011

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Ainda vai demorar pra passar


A tristeza ainda vai demorar pra passar. Eu não vou tomar anti-depressivos e nem vou beber até morrer. Só vou beber, porque faria isso de qualquer jeito. As cicatrizes vão demorar pra sumir. Mas eu vou começar fazendo algo. Eu que já não acredito em quase nada. Eu tenho que começar de alguma maneira. E a melhor maneira que descobri é tirando alguns quadros da parede. Parece fácil, mas posso garantir que não é. Ou você já tentou arrancar seu coração e colocar ele em cima do aparelho de tv?


(Mário Bortolotto)

sábado, 16 de abril de 2011

Monólogo; de Luana Vignon

"Quando entendi que essa coisa de literatura era irreversível resolvi experimentar de tudo, Vinícius de Moraes, Henry Miller, Rimbaud, Verlaine, toda a corja. Eu achava que tinha que viver tudo muito, muito rápido e preferencialmente de porre, perder o controle era um tipo de sublimação. Bullshit. (Tenho uma gastrite e uma filha de 9 anos). Enquanto isso você tomava pilequinhos inocentes e passava a mão na bunda da professora de literatura inglesa (eu dava mole pro frentista do posto 24h). Você traduzia Baudelaire (eu dormia em hoteizinhos sujos).  Eu tentava extrair poesia das dezenas de feridas que eu mesma me infligia, mas tudo só serviu para alimentar esse pequenino monstro alojado no meu tórax. Esse traidor".


- Luana Vignon, http://luanavignon.wordpress.com

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Um poema

o universo é infinito
como a luz do
primeiro olhar
e a escuridão do
último beijo


(Fernanda Tatagiba)

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Se os anjos escutassem jazz

As trombetas do apocalipse
Soariam como um solo de Miles Davis
E não seriam assim tão ruins,
Sons dissonantes, notas perfuro-cortantes,
“bye, bye, blackbird” em pleno fim do mundo.
Anjos são seres estranhos
Eles estão por aí o tempo todo;
Aparecendo pra Drummond,
Anunciando o filho da virgem Maria,
Apaixonando-se por trapezistas alemãs;
Mas acredito que nunca escutaram jazz.
Jazz é pra quem tem alma.
Ainda que seu choro seja um piano,
Suas asas batendo, um contrabaixo
E sua voz um saxofone.
Mas não podem ouvir jazz.
Por isso Lúcifer se revoltou.
E convocou os melhores jazzistas
Pra uma grande jam no inferno.

Sei que anjos não ouvem jazz.
Pois sua beatitude é de outra natureza.
Por isso eles se debruçam ao nosso lado enquanto escutamos,
Para contemplar em nossa face
A plenitude da verdadeira anunciação entorpecida.

terça-feira, 5 de abril de 2011

A festa em que não vou estar

Desta vez, quiseram as circunstâncias que esta celebração eu perdesse. Ou talvez tenha sido deus, em seu jogo de dados astrais. Logo eu, que celebro até sozinho com uma garrafa de conhaque. É uma sensação estranha. Como rezar pela chuva e não estar acordado quando ela cai, cortejar uma bela mulher e não ter outra coisa pra fazer quando ela te convida pra jantar, um semeador que jamais colherá aquilo que plantou, beber sem embriagar-se. Não obstante, acho que é o momento perfeito pra explicitar minha euforia com essa conquista. Pra deixar bem claro, não há nada meu nesse feito. Só compartilhei do processo, a ansiedade, o desejo, as ternas palavras. Mas o sentimento de conquista fica claro quando se olha a partir da perspectiva do destino, das coisas que se encaminham de maneira tortuosa, quando aquilo que julgávamos trivial se torna fonte de prazeres e tormentos inexplicáveis, do ponto de vista daqueles que para si só acumulam intangíveis bens. Nem tão intangível desta vez, só um pouco turvo. Só posso dizer que já está sendo inesquecível e que gostaria de compartilhar esse momento de perto. Faço meu brinde de longe, nesta cidade auto-indulgente e mal-educada, para elogiar Fernanda pelo presente que ela nos deu publicando um livro. É emocionante. “À Sombra das Coisas Turvas” não é pra ser lido, mas degustado... logo depois da festa. Então, compareçam.

capa deliciosa!


Entre o sonho e a realidade, escolho um poema.

Deixa eu bagunçar você

Durmo na esperança de sonhar contigo Acordo somente pro desejo de te encontrar Menos que obsessivo, meu amor por você é abrigo ...