terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Fazia frio, e...


Por acaso, me peguei relendo tuas mensagens. E, atrevido, fui prestar atenção a tudo que estava nas entrelinhas, os recados, as pistas que você deixava, de maneira mais ou menos direta. Por acaso, de repente era sua voz que eu ouvia. De repente, sua boca. De repente, seus cabelos e suas mãos. E tudo que é doçura e embriaguez nos seus encantos. E então o que era calafrio se fez paz. Pensando bem, não foi tão por acaso assim.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

11-01-11


Quando menos esperava, voltei a contemplar os pequenos movimentos dos insetos nas paredes de minha casa. Voltei a pendurar fotos no espelho. A chorar ouvindo canções sobre prostitutas e homens que não crêem em Deus. Retornei aos dias sem vozes e sem mistérios. Voltei a me masturbar com pensamentos torpes. Ao álcool. Não muito inesperadamente, voltei a não cumprimentar as pessoas que conheço na rua, a esquecer de pegar o troco na padaria, a tomar o ônibus errado de propósito. Voltei a ser o cara que recusa convites, que engana pretendentes, o cara preguiçoso que sabota os próprios projetos. De um dia para o outro, voltei a freqüentar lugares duvidosos. Bares de mau gosto. Alcovas onde crimes são tramados. Os irreverentes escritórios da loucura. E isso não é nem o começo. No semblante de todos aqueles que me olham, um apaixonante casamento entre a frustração e o horror.

domingo, 25 de dezembro de 2011

Elementar

"Perante o jurí eu fiquei mudo;
Lisonjeado com o insulto:
'Um orador limitado a um idioma morto'."

- Ludovic, "Trégua".


segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Ó Capitão! Meu Capitão!




Ó Capitão! Meu Capitão!




Ó capitão! Meu capitão! terminou a nossa terrível viagem,

O navio resistiu a todas as tormentas, o prêmio que

buscávamos está ganho,

O porto está próximo, ouço os sinos, toda a gente está

exultante,

Enquanto seguem com os olhos a firme quilha, o ameaçador e

temerário navio;

Mas, oh coração! coração! coração!

Oh as gotas vermelhas e sangrentas,

Onde no convés o meu capitão jaz,

Tombado, frio e morto.



Ó capitão! meu capitão! ergue-te e ouve os sinos;

Ergue-te – a bandeira agita-se por ti, o cornetim vibra por ti;

Para ti ramos de flores e grinaldas guarnecidas com fitas –

para ti as multidões nas praias,

Chamam por ti, as massas, agitam-se, os seus rostos ansiosos

voltam-se;

Aqui capitão! querido pai!

Passo o braço por baixo da tua cabeça!

Não passa de um sonho que, no convés,

Tenhas tombado frio e morto.



O meu capitão não responde, os seus lábios estão pálidos e

imóveis,

O meu pai não sente o meu braço, não tem pulso nem

vontade,

O navio ancorou são e salvo, a viagem terminou e está

concluída,

O navio vitorioso chega da terrível viagem com o objectivo

ganho:

Exultai, ó praias, e tocai, ó sinos!

Mas eu com um passo desolado,

Caminho no convés onde jaz o meu capitão,

Tombado, frio e morto.

                                                     - Walt Whitman



Deixa eu bagunçar você

Durmo na esperança de sonhar contigo Acordo somente pro desejo de te encontrar Menos que obsessivo, meu amor por você é abrigo ...