Eu estava lá, na fila pra comprar o livro do cara, e a letra de "Nossa vida não vale um Chevrolet" não saía da minha cabeça. "Eu sangro, eu te ligo no meio da noite, pra dizer que o Mal, o Mal mora em mim". Nem vou entrar nesse papo de identificação e da sintonia com alguém que não conheço. Mas esse assunto do fantasma que habita em cada um, o "inimigo interno", sempre me perturbou. E é inevitável que, acompanhando os textos do cara, eu arrisque dizer que sei do mal que ele está falando. Mais inevitável ainda que eu compare com meus próprios demônios, comece a especular. Sei lá. Não acredito nisso, mas devemos ter nascido sob a mesma lua, sob o mesmo "signo ruim" daquela música que Hendrix regravou. Destinados a manter distância da humanidade, a mesma que desejamos conhecer, observar, e (por que não?), amar. É que eu não sei usar o amor, como diria Clarice? Pode ser. Mas não vai adiantar nem todo amor do mundo pra retirar esse tumor maléfico, essa certeza de ter nascido do outro lado do rio, esse prazer em caminhar em silêncio na escuridão. Só pra não ser notado. Para que, imensos e escuros, somente meus olhos resplandeçam, nada mais. A violência dessa certeza. Há dias em que acordo com a vontade de encontrar com alguém, qualquer pessoa, e iniciar aquele tipo de desabafo sobre mim que termina quase que inevitavelmente por espantar definitivamente meu interlocutor. Mas não quero afastar aqueles que amo. Há realmente coisas assustadoras aqui dentro e já me sinto vitorioso de não deixar isso vir à tona sempre. No máximo, os mais observadores vão notar pequenos sinais enquanto tomo meu gole de cerveja e fico distante da conversa que se desenrola, viajando por sabe-se lá quais outras veredas. Talvez daí esse cancro que só aumente e que vai acabar me matando. É que é muito difícil explicar para as pessoas que, por mais que todo carinho não adiante para afastar a sensação de que nasci errado, o esforço delas não é em vão. Mas é assim, vai sempre parecer ingratidão, egoísmo, cegueira. E quem sabe se no fundo não é mesmo? Espero que não. Mas até que fique provado, é só instinto de sobrevivência. Mas algumas coisas aliviam essa sensação. Cúmplices, amantes, soulmates. E esse mundinho indecente do cinema, poesia, música, muita música. E a banda do Bortolotto, "Saco de Ratos", é o tipo de som que deve rolar no inferno se ele for um tipo de bar; e ficar ali, curtindo aquele som, enchendo minha cabeça de pensamentos perversos, felizes e melancólicos ao mesmo tempo, fez a diferença. E agora vou passear meus dedos pelas páginas de seu livro, "Um bom lugar pra morrer". Título adequado, epitáfio pronto. Não saí de lá conhecendo nem mais nem menos o Mário, mas fiz um acordo comigo mesmo, que não posso inscrever aqui. Mas não tem problema, algumas coisas não foram feitas pra ser acendidas, algumas velas foram feitas para não serem acendidas em orações. E eu ainda não entendi o que ele escreveu pra mim no livro que ganhei naquela noite, mas bem que poderia ser um mapa pro inferno mais próximo.
sexta-feira, 1 de outubro de 2010
quinta-feira, 30 de setembro de 2010
Rearranjos
"Opa!"; Ele já entrou tropeçando, esbarrando em alguma coisa estranha na escuridão da casa. Se deteve. Não deveria ficar assustado, afinal de contas aquele já não era mais o seu lar, aquilo ia acontecer em algum momento. Já não há mais tempo sequer para um triste olhar de despedida, um adeus a toda uma obra erguida a partir de momentos que agora teria de deixar para trás. "Nem ao menos um instantâneo final, nenhuma saideira", pensava ele enquanto tateava cauteloso objetos potencialmente fatais, arranjados de uma maneira que a suas mãos pareciam aleatórias. A sala já não era aquela cheia de fumaça e música e conversas madrugada adentro. O quarto, que jogos perigosos e excitantes ele poderia guardar agora? Preferiu nem entrar. Cruzou a cozinha, com cuidado mas tentando ser o mais ligeiro possível para ir direto ao que importava naquele momento. Foi até o local que os dois costumavam chamar de escritório, resgatar daquela casa os discos de vinil e os livros contra o provável incêndio sentimental de que ela seria vítima; antes que o furacão sob o nome de esquecimento resolvesse se abater sobre eles, se é que ele já não se anunciava naquela súbita mudança dos móveis de seus lugares. Já quando se retirava, seus dedos que procuravam o vidro da janela para orientarem a viagem de volta, tocaram um nervo exposto. As violetas na janela, eram elas, ali, prontas para morrer junto com as lembranças. as violetas que lembravam as promessas de manter as flores intactas, a despeito de todo ódio, toda dor e toda loucura que pudesse se erguer naquele lugar. As flores ficariam intactas, um símbolo de que nem tudo precisa sucumbir, que algo sempre resta. Uma luz que nunca se apaga. E agora ele estava no escuro. Só assim permitiu que aquela lágrima caísse, solitária e vã. Empurrou os dois vasos de violetas e suspirou. Agora era só ele de novo. Porque ele não era nada mais que um homem e as canções que o acompanham, um homem e seus pecados, um homem e sua melancolia, tudo que ele tinha a oferece a qualquer pessoa cabia em uma caixa apenas, ou talvez no seu olhar. Se sentiria mal por toda uma vida depois de virar aquela chave na porta de uma vez por todas e atirá-la de cima da ponte na água suja do rio. Seus olhos já estavam habituados à escuridão. Poderia ter pensado em sentar-se no sofá, olhar para tudo que deixava pra trás e refletir se não poderia tentar mais uma vez ficar ali. Inútil tarefa. Escreveria cartas quando se instalasse num inferno mais confortável, e essa busca por si só ele já sabia ser motivo suficiente para retirar tudo seu que havia ali.
segunda-feira, 27 de setembro de 2010
Hallelujah
Jeff Buckley interpretando "Hallelujah", de Leonard Cohen.
Mais um que morreu muito cedo...
"Eu soube que havia um acorde secreto
Que David tocava, e que agradava o Senhor
Mas você não liga para música, não é?
É assim..., a quarta, a quinta,
O menor cai, e o maior sobe,
O rei frustrado compõe aleluia
Aleluia, aleluia
Aleluia, aleluia
Sua fé era forte mas você precisava de provas
Você a viu tomando banho do telhado
A beleza dela e o luar arruinaram você
Ela amarrou você à cadeira da cozinha
Ela destruiu seu trono, e cortou seu cabelo
E dos seus lábios ela tirou um aleluia
Aleluia, aleluia
Aleluia, aleluia
Talvez eu já estivesse aqui antes
Eu vi este quarto, eu andei neste chão
E, sabe, eu vivia sozinho antes de conhecer você
E eu vi sua bandeira no arco de mármore
O amor não é uma marcha da vitória
É um frio e sofrido aleluia
Aleluia, aleluia
Aleluia, aleluia
Mas houve um tempo em que você me disse
O que realmente acontecia lá embaixo
Mas agora você nunca me mostra, não é?
Mas você se lembra quando eu entrei em você
E o Espírito Santo também entrou
E todo o suspiro que dávamos era um aleluia
Aleluia, aleluia
Aleluia, aleluia
Talvez haja um deus lá em cima
Mas tudo que eu já aprendi com o amor
Era como atirar em alguém que excluiu você
E não é um choro que você pode ouvir de noite
Não é alguém que viu a luz
É um frio e sofrido aleluia
Aleluia, aleluia
Aleluia, aleluia"
domingo, 26 de setembro de 2010
Pequenas Alegrias
Há um pequeno poema caindo do bolso da minha calça
Há estrelas caindo do teto da igreja
Há a garota assustada encolhida no canto da cama
Há o homem grande e triste segurando um copo de whisky
Há a mãe mentindo para o seu filho dizendo um dia ele vai ser feliz
Há os que acreditam em mães carinhosas e bem-intencionadas
esses se tornam psicopatas ou suicidas
Mães não vão para o inferno
Há uma espécie de limbo para as mães e elas estão todas lá
Há os que não prestaram atenção em suas mães
esses assobiam swamp music no metrô
e voltam para suas casas lendo "o monstro do pântano"
esses terão apenas pequenas alegrias
como afagar a cabeça de um cachorro
ou abraçar o porteiro do restaurante
Mensagens fúnebres na noite de Natal
Mas eles já estavam preparados
por isso apenas enchem seus olhos de lágrimas
enquanto servem outra dose
ao contrário dos outros que arrancam os cabelos
e arremessam telefones contra a parede
esses querem vingança
e acham que enganam Deus quando se ajoelham pra rezar
Os que não ouviram suas mães não rezam
apenas andam por aí com seus pequenos poemas caindo
do bolso de suas calças
e fazem de suas pequenas alegrias uma farra eterna
Há essas pessoas simples e evidentemente tristes
que enchem de alegria meu coração presciente
E há essas mulheres lindas que querem conquistar o mundo
e que inevitavelmente perdem todo o charme
quando procuram esbaforidas algo em suas bolsas
(Mário Bortolotto)
Há estrelas caindo do teto da igreja
Há a garota assustada encolhida no canto da cama
Há o homem grande e triste segurando um copo de whisky
Há a mãe mentindo para o seu filho dizendo um dia ele vai ser feliz
Há os que acreditam em mães carinhosas e bem-intencionadas
esses se tornam psicopatas ou suicidas
Mães não vão para o inferno
Há uma espécie de limbo para as mães e elas estão todas lá
Há os que não prestaram atenção em suas mães
esses assobiam swamp music no metrô
e voltam para suas casas lendo "o monstro do pântano"
esses terão apenas pequenas alegrias
como afagar a cabeça de um cachorro
ou abraçar o porteiro do restaurante
Mensagens fúnebres na noite de Natal
Mas eles já estavam preparados
por isso apenas enchem seus olhos de lágrimas
enquanto servem outra dose
ao contrário dos outros que arrancam os cabelos
e arremessam telefones contra a parede
esses querem vingança
e acham que enganam Deus quando se ajoelham pra rezar
Os que não ouviram suas mães não rezam
apenas andam por aí com seus pequenos poemas caindo
do bolso de suas calças
e fazem de suas pequenas alegrias uma farra eterna
Há essas pessoas simples e evidentemente tristes
que enchem de alegria meu coração presciente
E há essas mulheres lindas que querem conquistar o mundo
e que inevitavelmente perdem todo o charme
quando procuram esbaforidas algo em suas bolsas
(Mário Bortolotto)
sexta-feira, 24 de setembro de 2010
Cuidando de feridas, compreendendo as cicatrizes
Finalizou aquela garrafa de vinho como quem conclui um poema.
Ébrio, pensou em quanto tempo ainda teria pela frente. Quantas noites febris, monótonas, singulares ou solitárias ainda teria de suportar admiravelmente. Houve um tempo em que se considerava fraco. Bobagem; É preciso estômago pra suportar tanto. Lembrou de Tom Waits:
"Você precisa me dizer, Mr. Siegal,
Por que os arrasados são tão fortes?
Como os anjos fazem pra dormir quando os demônios deixam a luz da varanda acesa?"
Era verdade. Aqueles para quem a realidade costuma bater mais dura, que sofrem mais com simples contratempos, que deliram, que se auto-flagelam sem motivos, não são fracos. Pelo contrário. Reúnem forças de suas entranhas para superar as tormentas, Cada noite de sono é uma guerra, e conseguir sair cama pela manhã é uma vitória (ou coisa que o valha).
Revirou o quarto de bagunças que era sua memória e recordou o tempo em que negava essa dor constante, essa melancolia crônica. E percebeu a maneira pela qual esses horrores, por contraste, faziam brilhar ainda mais suas pequenas alegrias. No efeito claro-escuro que era sua vida, sempre houve tempo para a morte e para o amor. Não sabia ao certo como, mas havia feito mesmo dos seus mais belos dias, obras de arte expressionistas. Olhou no espelho e conseguiu enxergar alguma beleza, sem se importar se algum dia alguém perceberia aquilo. Era tarde da noite, e o ultimo cigarro queimava no cinzeiro. No dia seguinte, acordaria em desespero, mas haveria uma música para lhe trazer a paz, para abrandar as ondas no interior de sua alma, talvez haveria até uma voz para lhe dizer que, até que você esteja morto, os abutres não pousam sobre si.
Deixou o telefone tocar indefinidamente, poderiam ser boas notícias, poderiam ser más. Sorriu. O que importa é que não dependeria delas pra decidir o que fazer quando a peste invadisse o agridoce refúgio do seu lar.
segunda-feira, 20 de setembro de 2010
Fixação
A tentação
De ouvir uma doce musica em tuas asas.
Seria a morte menos triste que esse suave blues?
*********
Ninguém ampara
o cavaleiro do mundo delirante...
domingo, 19 de setembro de 2010
John Lurie and the Lizzard Lounge
Homenagem ao "estiloso" John Lurie, para que ele não se sinta tão perseguido. Musica: "Big Heart".
sexta-feira, 17 de setembro de 2010
Lábios que não se abrem, lábios
Lábios que não se abrem, lábios
com seu segredo
calado
Segredo no ermo da noite
resiste à rosa dos ventos
calado.
Flauta sem a vibração
do sopro.
Luar e espelho, frente a frente,
em calada
vigília.
Fria espada unida
ao corpo.
Resto de lágrimas sobre
lábios
calados.
Borboleta da morte
em sorvo
pousada à flor dos lábios
calados
calados.
Henriqueta Lisboa, "A face Lívida"
quinta-feira, 16 de setembro de 2010
Quem esquece um furacão?
No terceiro dia, seu terceiro encontro, era a terceira noite de lua cheia e eles já dispensavam todo o estágio da conversa, das amenidades, dos meios pra se chegar a um fim, todas as mesuras e cortesias, toda “conversa fiada”, como se diz por aí. Reagiram, e só. Pois, desde a última vez que se viram, ele só pensava em quando a teria de novo, quando sentiria mais uma vez o calor de sua pele a escaldá-lo, a faca de seus olhos violadores, o palpitar de suas veias e órgãos mais íntimos. A impulsividade deste novo encontro só se igualava em violência ao tamanho de sua insegurança, diante da mulher que ele não conseguia compreender. Sua economia de palavras era fonte de pesadelos e mortes todas as noites. A cada encontro seguiam-se febres, arrebatamentos, crises de insônia. No décimo - primeiro encontro, no dia em que completara vinte e nove anos e em que Saturno retornava, o peso foi demais. Queria saber dela, seus segredos (ele jurava que ela tinha mais de um, segredos mortais que assombrariam seu sono o resto da vida), sua história, seus pequenos medos, os cantos não-iluminados de seus pensamentos quando ela simplesmente se apoiava na janela, fumava um cigarro e deixava o tempo passar, alheia à presença do homem que se revira em suores, desejando não apenas seu corpo, mas sua mente. Ele importunou-a com perguntas, novas inquisições, torturas rasas. Exigia explicações para o comportamento daquela que lhe deu tudo o que podia (ela não poderia dar nada além de amor), e apenas lhe avisa que o que ele quer não está ao seu alcance, de que adiantaria dizer a ele o conteúdo do livro que era ela se não poderia contar o significado daquela flor achatada e amarelada entre suas páginas? Ele não entendia, e o que ele não entendia era que entre dois amantes poderia haver entrega sem conhecimento pleno. Não era o que ela achava. Se a poeta estiver certa, então o mistério da mulher está em cada afirmação ou abstinência, na malícia das plausíveis revelações, no suborno das silenciosas palavras, e ele estava lendo-a com as lentes erradas. Ela já havia contado tudo e um pouco mais, sem precisar espremer seu ser até que todo seu conteúdo jorrasse pra fora de si como suco. E ele não vira. Depois desse dia, ela nunca mais voltou, e ele nunca mais voltou. A si. Um furacão devastou sua terra, e ele estaria condenado a nunca mais esquecê-lo.
quarta-feira, 15 de setembro de 2010
As Sementes do Mal (Ou A Correta Incerteza)
Guardo em mim as sementes de tudo o que odeio.
E guardo também o medo dela brotar,
Pois me prometeram o céu,
Mas o preço é uma breve estada no inferno...
Quero viver cem vezes antes de desaparecer,
Pois aquilo que vejo grita para não ser esquecido,
E mesmo se calasse meus olhos ainda ouviria meu
Coração.
Por que nada pode vir sem um preço?
Por que até os menores prazeres
Cheiram a enxofre?
Não vejo certo o que é errado
E até me engano no que é certo.
Faço o que acho certo
E mais tarde pago por estar errado.
Ah! Mas como é bom viver errado!
- Flávio André (o "Alemão"), poema de "A Ultima Luz de Narciso", ed. Ixtlan.
New Orleans
... E quando veio a tempestade, tudo parecia estar perdido.
Era uma criatura sem raízes, sem peso, sem âncoras.
Não suportaria um sopro tão opressivo.
Procurou na bolsa e encontrou um bilhete deixado ali por muito tempo.
Sentiu uma lágrima rolar (e ser levada pelo vento),
E foi tomado de súbita esperança:
Agora sim tinha onde se agarrar.
E um temporal tem sempre hora pra cessar.
Esperaria calmamente, e faria de si uma New Orleans Pós-Katrina:
Com jazz, com calma, com força que nem imaginou que tivesse.
Era uma criatura sem raízes, sem peso, sem âncoras.
Não suportaria um sopro tão opressivo.
Procurou na bolsa e encontrou um bilhete deixado ali por muito tempo.
Sentiu uma lágrima rolar (e ser levada pelo vento),
E foi tomado de súbita esperança:
Agora sim tinha onde se agarrar.
E um temporal tem sempre hora pra cessar.
Esperaria calmamente, e faria de si uma New Orleans Pós-Katrina:
Com jazz, com calma, com força que nem imaginou que tivesse.
terça-feira, 14 de setembro de 2010
Direitos de autor
Fiquei sabendo hoje dessa declaração do Godard sobre as novas restrições ao uso de obras alheias:
"Direitos de autor? O autor tem deveres!".
Não gosto de entrar nesse assunto porque minha posição quanto a direitos intelectuais sempre foi muito particular. Não reconheço nenhuma propriedade sobre o que digo, escrevo ou mesmo penso. Mas é bom ver que não estou sozinho.
"Direitos de autor? O autor tem deveres!".
Não gosto de entrar nesse assunto porque minha posição quanto a direitos intelectuais sempre foi muito particular. Não reconheço nenhuma propriedade sobre o que digo, escrevo ou mesmo penso. Mas é bom ver que não estou sozinho.
Verídico
Conheço uma pessoa que é um aglomerado de massa adiposa comandada pelo pênis. Conheço outra que é uma salamandra. Tem uma terceira que é um prédio destruído habitado por espíritos de baixa harmonia. Também há um casal que é um cadáver. Tem um homem que parece um chapéu e mais um que daria tudo para ser uma joaninha. Já eu sou uma TV sem som passando um filme antigo em um quarto de hotel.
segunda-feira, 13 de setembro de 2010
06:45 AM
Bem cedo,
O cano de um revólver sorri pra mim
Me oferecendo uma charada, mas não uma fuga.
Bem cedo,
O6: 45, eu penso em me mandar.
Na falta de um inferno blues com garotas e Whisky,
Penso em qualquer outro lugar.
Um fim de tarde na praia;
Um samba no Estácio;
Um pueblo abanbonado no meio do deserto;
Qualquer lugar, menos aqui.
Já pensou se a cidade fosse toda feita de giz
E pudéssemos desenhar nosso próprio esconderijo longe dos olhos alheios?
Já, já pensei.
E juro, é a única ilusão que me sobra.
Uma alucinação, mas ainda assim cheia de esperança.
sexta-feira, 10 de setembro de 2010
Felicidade?
"Têm sido assim meus dias. Sou mais feliz que 97,6% da humanidade, nas contas do professor Schianberg. Faço parte de uma ínfima minoria, integrada por monges trapistas, alguns matemáticos, noviças abobadas e uns poucos artistas, gente conservada na calda da mansidão à custa de poesia ou barbitúricos. Um clube de dementes de categorias variadas, malucos de diversos calibres. Gente esquisita, que vive alheia nas frestas da realidade. Só assim conseguem entregar-se por inteiro àquilo que consagraram como objeto de culto e devoção. Para viver num estado de excitação constante, confinados num território particular, incandescente, vedado aos demais. Uma reserva de sonho contra tudo que não é doce, sutil ou sereno. É o mais próximo da felicidade que podemos experimentar, sustenta Schianberg."
- Marçal Aquino.
"Acho que sou um estúpido. Ou talvez, apenas feliz."
- Kurt Cobain, "dumb".
- Marçal Aquino.
"Acho que sou um estúpido. Ou talvez, apenas feliz."
- Kurt Cobain, "dumb".
Confissões coronárias
Inferno, o que fizeram do meu coração?
Ele costumava estar no lugar correto.
Agora tenho que me acostumar com ele por aí.
Correndo derrubando coisas bagunçando meu quarto
Enquanto tomo meu café da manhã.
Quando acendo o primeiro cigarro do dia
Ele se agita mais ainda, quase o escuto gritando
E ele sai às ruas antes de mim;
O maldito, estou sempre um passo atrás dele.
Às vezes ele some.
Não é incomum encontrá-lo seguindo alguma passante,
Hipnotizado pelo balançar de alguma saia distraída.
Ou então tenho de recolhê-lo de alguma lixeira,
Escondido sabe-se lá de que, de quem
(de mim?)
Soluçando enquanto murmura frases desconexas
Qualquer coisa sobre uma mulher que sumiu
No clima seco do cerrado;
Outra que ficou para trás e faz falta,
Outra que nunca vai ser sua de verdade;
Confesso que não sei do que ele fala.
Só queria ele aqui,
No lado esquerdo do peito.
Mas ele me evita. E bebe.
E fuma e joga e chora.
E some nas sextas-feiras, e como um gato,
Só volta na segunda pela manhã
Cheirando a vinho barato e bordéis.
Já pedi a ele, já implorei.
Quis que ele ficasse no lugar.
Mas pra ele o peso é terrível.
E eu pago o preço de carregar um coração psicótico.
Sei que um dia, enquanto estiver dormindo,
Ele vai me devorar por inteiro.
Ele costumava estar no lugar correto.
Agora tenho que me acostumar com ele por aí.
Correndo derrubando coisas bagunçando meu quarto
Enquanto tomo meu café da manhã.
Quando acendo o primeiro cigarro do dia
Ele se agita mais ainda, quase o escuto gritando
E ele sai às ruas antes de mim;
O maldito, estou sempre um passo atrás dele.
Às vezes ele some.
Não é incomum encontrá-lo seguindo alguma passante,
Hipnotizado pelo balançar de alguma saia distraída.
Ou então tenho de recolhê-lo de alguma lixeira,
Escondido sabe-se lá de que, de quem
(de mim?)
Soluçando enquanto murmura frases desconexas
Qualquer coisa sobre uma mulher que sumiu
No clima seco do cerrado;
Outra que ficou para trás e faz falta,
Outra que nunca vai ser sua de verdade;
Confesso que não sei do que ele fala.
Só queria ele aqui,
No lado esquerdo do peito.
Mas ele me evita. E bebe.
E fuma e joga e chora.
E some nas sextas-feiras, e como um gato,
Só volta na segunda pela manhã
Cheirando a vinho barato e bordéis.
Já pedi a ele, já implorei.
Quis que ele ficasse no lugar.
Mas pra ele o peso é terrível.
E eu pago o preço de carregar um coração psicótico.
Sei que um dia, enquanto estiver dormindo,
Ele vai me devorar por inteiro.
terça-feira, 7 de setembro de 2010
Oferta
Te entrego minhas elegias mais prodigiosas. Te entrego um pouco desta saúde frágil, desta alma irrequieta. Te dedico uma lágrima. Te dedico também alguns dos meus mais preciosos sentimentos. Para que no momento em que te chames, no momento em que preciso de ti para me fazer chama, atendas. E quando gritar, sedento, por qualquer um dos teus 100 nomes, venha sem me negar os teus sabores. Ainda que saiba que sou fraco e conheças meus delírios, não me recuse, deixe-me levar-te à boca carente e afogar em ti meus anseios, minhas torturas, minhas visões, estas surpreendentes obras de arte da mente. Encantam-me teus odores, teus teores, tua vaga familiaridade com o Mistério. Em troca, não posso te oferecer nada que não seja esta paixão, este milagre, esta ode ao veneno; todo lastro de loucura que trocamos nesses encontros que a noite insiste em encerrar com sua sabedoria de velha senhora para que não perpetuemos esses crimes, essa euforia destilada nos pobres alambiques dos corpos. Te entrego minha voz para que faça dela cacofonia, te entrego meu nome pra que faça dele maldição, te entrego meus humores mais violentos, meus pensamentos mais sutis, cidade afora, coração a dentro.
segunda-feira, 6 de setembro de 2010
terça-feira, 31 de agosto de 2010
Dias Chuvosos
Deixe-os todos lá fora hoje
Deixe-os rir, tudo bem.
Eles pensarão que você se esconde
Agora não é hora de brincar
Você perdeu algo
Comece apenas olhando.
É outro dia chuvoso... pra você.
Outro dia chuvoso ao sol.
Por favor não evite a gravidade
Deixa-a puxá-la pra baixo
Não desperdice seu tempo rindo à toa
Nem tente desfazer essa expressão
Eles dizem que são jovens,
Loucos e livres
Enquanto seus castelos desabam no mar
Não é o que parece
Deixe-os todos.
Você irá em breve se achar em amarelo e branco
Quando você estiver em paz com dias tristes
Sair dessa leva só um tempinho
Você saberá quando.
Eu preciso de dias chuvosos
Eu preciso de dias chuvosos
Eu preciso de dias chuvosos
Mesmo ao sol.
"Rainny Days in the Sun"- Room Eleven
segunda-feira, 30 de agosto de 2010
Precaução
Sabiamente,
Ele foi ao encontro marcado de óculos escuros,
Vestiu o peito e a alma de negro.
Só para o caso de ninguém aparecer até às dez;
Se algum observador, num puro descuido calculado,
Reparasse na lágrima solitária que surge em puro terror escapista
Ele diria com todo cuidado
Que acabara de sair de um funeral no São João Batista.
Ele foi ao encontro marcado de óculos escuros,
Vestiu o peito e a alma de negro.
Só para o caso de ninguém aparecer até às dez;
Se algum observador, num puro descuido calculado,
Reparasse na lágrima solitária que surge em puro terror escapista
Ele diria com todo cuidado
Que acabara de sair de um funeral no São João Batista.
The Beatles
Eddie Vedder interpretando uma das minhas musicas favoritas dos Beatles, "You've got to hide your love away", em São Paulo, 2006.
sexta-feira, 27 de agosto de 2010
Duas mulheres, um homem
Pensando bem, a poeta é quem está certa. “Ninguém é mesmo uma ilha/Se até Billie Holiday/Vem me visitar pelo radinho de pilha”.É um sombrio e evoluído emulador do rádio de pilha que tem me salvado de uma escuridão total que me ameaça freqüentemente. Escrevo agora mesmo sob a influência extasiante da voz de Betty Davis, mas ela é uma ameaça à minha tranqüilidade. Minha mente influenciável se deixa tocar pela levada insinuante, pelos cenários excitantes aos quais Betty é capaz de me levar, e no momento meu coração não pode ir vagar tão longe assim e deixar meu corpo para trás, carente de toques. Muito perigoso. Troco a música e deixo soar a voz cativante de Chan Marshall, Cat Power, 

melancólica, linda e misteriosa, como outras mulheres que admiro. Escutá-la cantando “The Dark End of the Street” pode salvar meu dia ou fazer de mim a pessoa mais miserável sobre a terra, tanto faz, fico em paz, deixo que desatinem meu coração e façam dele o que quiserem, já é normal e quase uma obsessão pra mim. Que eu me veja e encante com o que Chan cante, é normal – histórias de amores proibidos ou frustrados, desilusões e enganos, isso haverá sempre, é tão triste quanto universal , mas me perturba que as palavras, acordes e melodias de um homem que canta seu próprio pathos, sua realidade particular, atinjam tão diretamente meu coração e minha mente. Esse homem que tem sido um grande parceiro, bebendo comigo e soprando inspiração enquanto escrevo algumas linhas que não-serão publicadas e talvez nem mesmo lidas por mais ninguém, é o mais americano dos canadenses.
Neil Young se parece mais com um caipira irado, triste e sozinho que, ouvindo rock’n’roll e lendo Kerouac, resolveu cair na estrada. Sei lá. Mas como esse cara parece estar falando de algo que me parece tão íntimo a mim? Brindemos, amigo. Sei que já passei da idade de me identificar com cantores ou coisas do tipo, mas não nego que são essas companhias que tem evitado a crise, que tê me preparado para o verão da histeria.
quarta-feira, 25 de agosto de 2010
Paraísos Artificiais
Minha querida amiga,
Diz-nos o bom senso que a coisas da terra pouca existência têm, e que a verdadeira realidade está apenas nos sonhos. Para digerir a felicidade natural, assim como a artificial, é preciso primeiro ter a coragem de a engolir, e os que talvez merecessem a felicidade são justamente aqueles a quem a ventura, tal como a concebem os mortais, sempre fez um efeito de um vomitório.
A espíritos néscios parecerá singular, e mesmo impertinente, que um quadro das volúpias artificiais seja dedicado a uma mulher, a mais comum fonte das mais naturais volúpias. Todavia, é evidente que tal como o mundo natural penetra no espiritual, lhe serve de alimento, e concorre assim para operar esse amálgama indefínível a que chamamos a nossa individualidade, a mulher é o ser que projeta a maior sombra e a maior luz nos nossos sonhos. A mulher é fatalmente sugestiva; vive de uma outra vida além da sua própria; vive espiritualmente nas imaginações que frequenta e fecunda.
Aliás, importa pouco que a razão desta dedicatória seja compreendida. será mesmo necessário, para contentamento do autor, que um livro qualquer seja compreendido, exceto por aquele ou aquela para quem foi composto? Dizendo enfim tudo, é indispensável que seja escrito para alguém? Por mim, tenho tão pouco gosto pelo mundo vivo, que, como essas mulheres sensíveis e ociosas que enviam pelo correio, diz-se, as suas confidências a amigos imaginários, de bom grado escreveria apenas para os mortos.
Mas não é a uma morta que dedico este pequeno livro; dedico-o a uma mulher que, embora doente, continua ativa e viva em mim, e volta agora o seu olhar para o Céu, lugar de todas as transfigrações. Porque, tal como de uma droga perigosa, o ser humano goza do privilégio de poder tirar prazeres novos e sutis mesmo da dor, da catástrofe e da fatalidade.
Verás neste quadro um passeante sombrio e solitário, mergulhado na onda movediça das multidões, e enviando o seu coração e o seu pensamento a uma Electra distante que lhe limpava ainda não ha muito a fronte banhada em suor e lhe refrescava os lábios pergaminhados pela febre; e adivinharás a gratidão de um outro Orestes cujos pesadelos tantas vezes vigiastes, e a quem dissipavas, com mão leve e maternal, o sono horrível.
C.B.
Dedicatória de Charles Baudelaire do livro "Paraísos Artificiais", a J.G.F, soberana de sua dor e devaneio.
segunda-feira, 23 de agosto de 2010
Cat Power
Cat Power, interpretetando "I've been loving you too long (too stop now)", do Otis Redding.
Perfeito.
domingo, 22 de agosto de 2010
Se fosse remédio...
Assim é na terra dos cleptomaníacos cristãos:
Todos estão sempre pedindo desculpas.
Mas nem por isso deixam de te roubar.
Todos estão sempre pedindo desculpas.
Mas nem por isso deixam de te roubar.
domingo, 15 de agosto de 2010
I Wish I was in New Orleans
Porque Jazz + frio + uma excelente companhia é uma combinação perfeita.
Well, I wish I was in New Orleans, I can see it in my dreams,
Arm-in-arm down Burgundy, a bottle and my friends and me
Hoist up a few tall cool ones, play some pool and listen
To that tenor saxophone calling me home
And I can hear the band begin "When the Saints Go Marching In",
And by the whiskers on my chin, New Orleans, I'll be there
I'll drink you under the table, be red-nosed, go for walks,
The old haunts what I wants is red beans and rice
And wear the dress I like so well, and meet me at the old saloon,
Make sure that there's a Dixie moon, New Orleans, I'll be there
And deal the cards roll the dice, if it ain't that old Chuck E. Weiss,
And Claiborne Avenue, me and you Sam Jones and all
And I wish I was in New Orleans, 'cause I can see it in my dreams,
Arm-in-arm down Burgundy, a bottle and my friends and me
New Orleans, I'll be there
sábado, 14 de agosto de 2010
Economistas e técnicos de futebol
Luiz Guilherme Piva - Texto muito bom sobre economia e futebol... um pouco do que ele diz sobre economistas dá para estender aos "cientistas sociais" também. Ao menos para mim, heterodoxo no futebol, conservador na ciência... boa sacada do cara.
Técnicos de futebol podem ser comparados a economistas. Os dois profissionais lidam com realidades de difícil controle (sociedade, jogadores) e, tendo em mente concepções e planos de ação, buscam seus objetivos pondo para atuar os recursos de que dispõem. Na maioria das vezes dá errado, e eles sempre atribuem a culpa ao imprevisto e aos recursos disponíveis - nunca às concepções e aos planos de ação.
Às vezes chegam a crer que o problema é com a realidade, inadaptada à sofisticação e ao acerto do modelo adotado. E mais: diante de fracassos seguidos, eles acreditam que o problema é a impaciência do público, que não vê que no longo prazo tudo dará certo – embora um dos mais famosos economistas (Keynes) afirmasse que no longo prazo estaremos todos mortos.
Na prancheta do técnico ou na planilha do economista, coloca-se um boi na entrada de um modelo e saem bifes do outro lado. Os pressupostos do modelo são escolhidos casuisticamente por eles mesmos, com a ponderação e os riscos que arbitram para produzir exatamente o que pretendem. Tudo perfeito. Aí vem a realidade, com fatores e pesos não considerados, e atrapalha: oligopólios, retrancas, dribles, greves, banqueiros, juízes, morrinhos, tecnologias, trivelas, burocracias, geadas, traves, etc. Seria o caso de, como os russos, perguntar para o técnico: combinou com o Garrincha?
Não, é claro. Mas técnicos e economistas seguem acreditando com tanta fé no modelo que, frente ao fracasso, voltam à prancheta e à planilha, colocam na saída do seu modelo os bifes e vêem sair um boi inteiro, perfeito, lá na entrada. Eles então se convencem ainda mais do seu acerto. E tentam de novo, de novo, de novo. Morre gente no caminho. Times se acabam. Torcedores se enfurecem. O país se afunda. Mas, caramba, é preciso ter paciência!
Avançando na comparação, há um antigo paradoxo que acabei de inventar. É que economistas são considerados ortodoxos quando pretendem que o governo não intervenha em nada: se ele não agir e só der as regras gerais, tudo dará certo, apregoam. Produtores, distribuidores, consumidores, trabalhadores, desempregados e miseráveis encontrarão seu lugar e sua função da melhor forma, com a maximização de suas individualidades no livre jogo das forças de mercado, em prol do benefício de todos. Os técnicos classificados de ortodoxos, porém, são os que controlam todos os movimentos do time, coibindo o individualismo e o improviso, que resultariam, crêem, no caos e na derrocada. Por isso, desenham, cronometram, ensaiam, gritam, premiam e punem quem não seguir estritamente suas determinações táticas.
Já os heterodoxos, na economia, são os que querem planejamento, intervenção e gasto público para evitar o caos e a miséria. E, no futebol, ao contrário, heterodoxos são aqueles técnicos que não se apegam a modelos rígidos e propõem o jogo livre com base na individualidade e na criatividade dos jogadores, guiados apenas por suas diretrizes gerais – que eles preferem chamar de estratégia, em lugar de tática.
Ou seja, Cruyff, treinador heterodoxo, seria, transplantando-se seu ideário, um economista ortodoxo. Milton Friedman, economista ortodoxo, seria um técnico heterodoxo. Parreira e Keynes seriam os opostos daqueles, respectivamente.
Mas as coisas não são simples assim. Há aqui um outro paradoxo clássico, que montei agora só para fechar o texto. É que, se dividirmos em grupos de afinidade as pessoas que gostam simultaneamente de economia e de futebol, certamente haverá um grupo que gosta de Friedman e Parreira (ambos ortodoxos, mas com acepções opostas de ortodoxia) e outro grupo que gosta de Cruyff e Keynes (ambos heterodoxos, mas com acepções opostas de heterodoxias).
sexta-feira, 13 de agosto de 2010
Abrace-me
Ele só queria... alguém que se importasse com ele. Alguém que o abraçasse. Alguém para esquentá-lo. Ninguém o faria. Quando nos abraçamos, na escuridão, não faz com que ela vá embora, as coisas más ainda estão lá fora: Os pesadelos ainda caminham. Quando nos abraçamos nos sentimos... não seguros, mas melhores. "Está tudo certo", sussurramos. "Estou aqui; eu te amo". E mentimos, "nunca vou te deixar". Por apenas um momento a escuridão não pareceu tão má. Quando nos abraçamos.
Hellblazer #1.
Hellblazer #1.
Chatterton
Musica do Serge Gainsbourg, versão de Seu Jorge.
Não simpatizo muito com seu Jorge, mas essa versão até ficou legal....
Chatterton
Sangue, Sangue,
Sangue
Chatterton, suicidou
Kurt Cobain, suicidou
Getúlio Vargas, suicidou
Nietzsche, enloqueceu
E eu, não vou nada bem
Chatterton, suicidou
Cléopatra, suicidou
Isócrates, suicidou
Goya, enloqueceu
E eu, não vou nada nada bem
Chatterton, suicidou
Marc-Antoine, suicidou
Cleópatra, suicidou
Schumann, enloqueceu
E eu, puta que pariu, não vou nada, nada bem.
Não simpatizo muito com seu Jorge, mas essa versão até ficou legal....
Chatterton
Sangue, Sangue,
Sangue
Chatterton, suicidou
Kurt Cobain, suicidou
Getúlio Vargas, suicidou
Nietzsche, enloqueceu
E eu, não vou nada bem
Chatterton, suicidou
Cléopatra, suicidou
Isócrates, suicidou
Goya, enloqueceu
E eu, não vou nada nada bem
Chatterton, suicidou
Marc-Antoine, suicidou
Cleópatra, suicidou
Schumann, enloqueceu
E eu, puta que pariu, não vou nada, nada bem.
quarta-feira, 11 de agosto de 2010
Homenagem atrasada
Foi dia dos pais, né? Ok. Deixo uma dica de semi-diário muito legal pra ter uma idéia de algo sobre o qual eu simplesmente não entendo. Bom pra quem pensa em ter filhos. Imagino que alguns vão ter vontade de ter um bebê também (ou não...). Eu, fico com a máxima: No dos outros é refresco. Deixa quieto.
Mas visitem:
http://sagradosilva.blogspot.com/
Esse guri vai se dar bem. Como diz a máxima do Miopia virtual, "não adianta ver longe se está olhando pra trás...", e esse míope aqui foca nos lugares certos. Ao menos, boas influências o Augusto vai ter. E logo, logo, a camisa do Corinthians chega pra ele, viu Flávio?
Sorte aos pais de primeira viagem, que são muitos a minha volta.
Mas visitem:
http://sagradosilva.blogspot.com/
Esse guri vai se dar bem. Como diz a máxima do Miopia virtual, "não adianta ver longe se está olhando pra trás...", e esse míope aqui foca nos lugares certos. Ao menos, boas influências o Augusto vai ter. E logo, logo, a camisa do Corinthians chega pra ele, viu Flávio?
Sorte aos pais de primeira viagem, que são muitos a minha volta.
terça-feira, 10 de agosto de 2010
"Montou-o de assalto na rede e o amordaçou com as fraldas do camisolão que ele vestia, até deixá-lo exausto. Então o fez reviver com um ardor e uma sabedoria que ele nunca imaginara nos prazeres insípidos de seus amores solitários, e o despojou sem glória de sua virgindade. Ele estava com cinquenta e dois anos, e ela com vinte e três, mas a diferença de idade era a menos perniciosa".
Gabriel García Márquez - "Do Amor e Outros Dêmonios".
Amigos
Acordei e desci, fui à padaria, e na fila do pão topei com Hemingway, perguntei-lhe onde estava seu rifle e ele me disse que desde que aquela porcaria falhou no tal momento fatídico, ele deu adeus às armas. Ele parecia ter cento e poucos anos, perguntei como era ter essa idade, e ele me disse que há muito tempo já a vida deixara de ser uma festa. Deixei-o, desejando-lhe mais sorte da próxima vez que pirar e resolver se matar, e fui ter com Bukowski no barzinho da esquina de casa, ele já estava com um bafo de cachaça horrível, tinha varado a noite, não sei direito se ele passou a noite bebendo ou varou alguém à noite, enfim, me disse que Cortázar tinha acabo de ir embora com sono e sem cigarros, eu tinha alguns, pensei em alcançá-lo, mas ao longe ele já entrava bêbado num táxi para o pesadelar. Voltei para falar com Bukowski e ele já lançava seu hálito fétido em cima de uma senhora mal-ajeitada que lhe pedia para pagar uma cerveja, ela ia resmungando enquanto ele a cheirava, mexia na alça de seu sutiã que escapava do vestido, e ria, como ria. Achei que deveria deixá-los ali, a sós com seus demônios. Regressei à casa, onde já tão cedo, na sala, Clarice e Garcia Márquez discutiam animadamente coisas como a origem dos sonhos, a vida de Picasso e as motivações dos crimes passionais. Preparei mais uma rodada de café, acendi um cigarro e ali ficamos, nobres debatedores do trivial, radiantes em nossas paixões mundanas, lendo uns para os outros poemas de Anne Sexton e Rimbaud e escrevendo romances no ar com nossos dedos.
segunda-feira, 9 de agosto de 2010
The Blues Brothers
Mais uma dica de filme e musica. "The Blues Brothers", o filme que leva o nome da banda dos comediantes Dan Aykroyd e John Belushi (que morreu de overdose no ano em que nasci), de 1978, dirigido por John Lands. Na cena, eles cantam "Rawhide".
segunda-feira, 2 de agosto de 2010
Segundas são todas iguais
Então, na falta de que escrever, vou de musica!
"Jockey Full of Bourbon", do Tom Waits, na trilha sonora de "Down By Law", de Jim Jarmusch.
segunda-feira, 19 de julho de 2010
Porque eu tenho um blog
Não que isso seja uma preocupação pra mim, mas é que fiquei pensando nisso essa manhã, enquanto racionalizava sobre algumas coisas da minha vida, às vezes eu tenho esse hábito e garanto que é um bom hábito, muito necessário, ainda que nem sempre queira fazer o que é necessário, mas daí entre temas importantes como trabalho, amor, juventude, apareceu o assunto do blog, por que? E diria que enquanto umas pessoas desoladas que sempre encontro por aí escolhem falar com estranhos de seus problemas pessoais porque sabem que nunca mais vou encontrar com eles na vida, ou enquanto uma pá de pessoas que conheço vem falar comigo de suas vidas de um jeito como elas não falam com mais ninguém, não sei se por me considerarem alguém confiável - e eu sou mesmo, na boa - ou porque ficam a vontade comigo porque eu topo falar sobre tudo, de banalidades até crises existenciais passando por pequenas confidências, eu acho bacana, realmente gosto de falar com pessoas sobre suas vidas, é melhor do que falar sobre política ou sobre a "modernidade", as pessoas sempre ficam parecendo o Zygmunt Bauman quando falam desses assuntos, parecem velhos resmungões sem nada melhor pra fazer; enquanto as pessoas fazem isso, eu escrevo aqui no blog. Não é nenhuma maravilha, eu sei, um motivo nada bonito, mas escrevendo aqui eu me eximo de aborrecer os outros com minha vida e minhas angústias e até mesmo minhas pequenas alegrias, que eu sei que são bastante esquisitas, claro que se alguém pedir eu falo sim sobre minhas merdas, sobre os traumas e sobre solidão, mas ao menos não é uma necessidade, aprendi a conviver com a idéia de que ninguém é obrigado a saber que tal dia acordei de uma dessas noites mal-vividas, olhei pela janela e senti uma vontade quase incontornável de me atirar, como é aquela frase do 8 e 1/2 mesmo? "Quem vai se interessar pelo esquálido catálogo de seus erros?" Algo mais ou menos assim. Então a história é essa, escrevo aqui, deixo rolar, pode ser que fale isso com alguem olhando nos olhos, mas se ninguem perguntar sobre, um pouco está aqui, registrado. Não vai virar livro, nem nada, só um digital "esquálido catálogo de erros", para o caso de se algum dia eu frequentar uma analista e ele perguntar: "Mas você nunca falou disso com ninguém?", eu ao menos poder responder: "bom, se não me engano, escrevi isto num blog".
sábado, 17 de julho de 2010
Ginsberg sobre Neal Cassady
"Quantas noites de sábado
Teremos deixado bêbadas com esta lenda?
Como fará a jovem denver para carpir
seu olvidado anjo sexual?
Quantos garotos baterão no piano negro
imitando os excessos de um santo da terra?
Ou garotas que cederão ao desejo sob seu espectro
nos colégios da noite melancólica?
Quando tivermos o tempo todo na eternidade
na tênue luz de rádio deste poema
sentaremos atrás das sombras esquecidas
ouvintes do jazz perdido de todos os sábados."
Trecho de "O Automóvel Verde", Allen Ginsberg.
Teremos deixado bêbadas com esta lenda?
Como fará a jovem denver para carpir
seu olvidado anjo sexual?
Quantos garotos baterão no piano negro
imitando os excessos de um santo da terra?
Ou garotas que cederão ao desejo sob seu espectro
nos colégios da noite melancólica?
Quando tivermos o tempo todo na eternidade
na tênue luz de rádio deste poema
sentaremos atrás das sombras esquecidas
ouvintes do jazz perdido de todos os sábados."
Trecho de "O Automóvel Verde", Allen Ginsberg.
sexta-feira, 16 de julho de 2010
Refletindo...
Pensando bem, o problema com a inteligência é bem parecido com o da distribuição de terras no campo no Brasil:
Alguns poucos têm tanto, enquanto a maioria parece completamente desprovida...
A diferenca é que, no caso da inteligência, não se pode dizer que isso seja exatamente injusto. Seria terrível se todos fossem simplesmente medianos.
Alguns poucos têm tanto, enquanto a maioria parece completamente desprovida...
A diferenca é que, no caso da inteligência, não se pode dizer que isso seja exatamente injusto. Seria terrível se todos fossem simplesmente medianos.
quinta-feira, 15 de julho de 2010
Retrato Incomunicável
Tenho tanta coisa sufocada que é melhor nem contar.
Se ao menos você soubesse.
Eu só queria que você adivinhasse;
Sozinha, sem minha ajuda.
Eu só sei agir. Falar não é comigo.
Mas eu sei mandar sinais.
Farei isso.
Vou seguir pelo caminho mais complicado,
E torcer pra que no fim o recado seja dado.
Tenho tanta coisa sufocada.
Nem vou contar.
Eu sei que uma hora você vai entender.
O problema é que, enquanto isso,
O tempo passa, o frio aumenta.
Em algum momento, serei imolado,
Como o Cordeiro cujo sangue se esvai
Redimindo pecadores
Mártir involuntário de uma história mal-contada.
Deite-se. Eu tenho estórias pra contar.
Se ao menos você soubesse.
Eu só queria que você adivinhasse;
Sozinha, sem minha ajuda.
Eu só sei agir. Falar não é comigo.
Mas eu sei mandar sinais.
Farei isso.
Vou seguir pelo caminho mais complicado,
E torcer pra que no fim o recado seja dado.
Tenho tanta coisa sufocada.
Nem vou contar.
Eu sei que uma hora você vai entender.
O problema é que, enquanto isso,
O tempo passa, o frio aumenta.
Em algum momento, serei imolado,
Como o Cordeiro cujo sangue se esvai
Redimindo pecadores
Mártir involuntário de uma história mal-contada.
Deite-se. Eu tenho estórias pra contar.
quarta-feira, 14 de julho de 2010
A Bruxa
Nesta cidade do Rio,
de dois milhões de habitantes,
estou sozinho no quarto,
estou sozinho na América.
Estarei mesmo sozinho?
Ainda há pouco um ruído
anunciou vida ao meu lado.
Certo não é vida humana,
mas é vida. E sinto a bruxa
presa na zona de luz.De dois milhões de habitantes!
E nem precisava tanto...
Precisava de um amigo,
desses calados, distantes,
que lêem verso de Horácio
mas secretamente influem
na vida, no amor, na carne.
Estou só, não tenho amigo,
e a essa hora tardia
como procurar amigo?
E nem precisava tanto.
Precisava de mulher
que entrasse neste minuto,
recebesse este carinho,
salvasse do aniquilamento
um minuto e um carinho loucos
que tenho para oferecer.
Em dois milhões de habitantes,
quantas mulheres prováveis
interrogam-se no espelho
medindo o tempo perdido
até que venha a manhã
trazer leite, jornal e clama.
Porém a essa hora vazia
como descobrir mulher?
Esta cidade do Rio!
Tenho tanta palavra meiga,
conheço vozes de bichos,
sei os beijos mais violentos,
viajei, briguei, aprendi.
Estou cercado de olhos,
de mãos, afetos, procuras.
Mas se tento comunicar-me
o que há é apenas a noite
e uma espantosa solidão.
Companheiros, escutai-me!
Essa presença agitada
querendo romper a noite
não é simplesmente a bruxa.
É antes a confidência
exalando-se de um homem.
Carlos Drummond de Andrade
terça-feira, 13 de julho de 2010
O Blues teve um filho e ele foi chamado de Rock and Roll
De algum jeito tudo que eu sou hoje tem a ver com o rock. De um jeito ou de outro, para o bem ou para o mal. Eu tava lá, com quinze anos, num clube pequeno escutando qualquer coisa, pirando naquele barulho, bêbado à noite, caminhando por Jardim da Penha, cercado de coturnos pretos e pessoas loucas, extremamente diferentes unidas entre si pela música e dispostas a tudo para que a noite durasse nem que fosse um minuto a mais, apenas. Primeiro foi o Nirvana, e toda aquela melancolia de adolescente desterrado, as calças rasgadas e blusas de flanela, Pearl Jam e tudo o que significou pra mim, marcado na minha perna até hoje, depois o engajamento político (longe de partidos, desde o inicio) inspirado por Rage against the machine, Dead Fish, The Clash e todo punk rock do mundo, toquei numa bada de rock sem saber tocar, Ramones é mole, três notas e já foi, a seguir Guns, rock dos anos 50, bebidas, mulheres, mais bebida, Bukowski, Metal também entrou na salada, ainda que me sentisse desconfortável nos shows a musica era de uma violência que acalmava meu lado mau, mas eu queria mais, e aí era Lou Reed e Rolling Stones na vitrola, e as noites cada vez mais longas, durando as vezes dias e dias, e eu que não sabia dançar forró ou samba me acabava ouvindo Garbage, Primal Scream, Stone Roses, desejando ouvir aquilo numa pista de dança, o mundo se estendia, Jimi hendrix virou Deus pra mim, e nessa veio o Blues, Jazz e mais uma porrada de coisas. E mesmo meu gosto por filmes ou quadrinhos veio daí, Tarantino é muito Rock 'n' roll, Neil Gaiman é muito The Cure, e por aí vai. Muito do que citei aqui nem é mais relevante pra mim hoje em dia, mas aquilo nunca saiu de mim, aquela semente do mal plantada não sei quando, não sei por quem, mas que cresce cada vez que coloco um som pra tocar. Essa foi minha educação, ao menos a que mais contou. As histórias que conheci por causa do rock, que passaram pela minha vida, aquele brother com quem passava tardes inteiras bebendo vinho e ouvindo o mesmo disco do Velvet Underground, meu livro com os artigos do Lester Bangs, as maluquices do Jim Morrison, as garotas cheias de atitude e maquiagem e roupas escuras com quem flertei, as noites discutindo musica, é disso que sou feito, no fim das contas. Cresci, mudei, aprendi, diria até que morri e ressuscitei, não sou mais tão inocente, não quero me acabar em tristeza para transformar isso numa musica, nem quero acordar na sarjeta com uma musica do Iggy Pop na cabeça ("I got Lust for Life"), mas a mensagem ficou. Aprendi mais com o rock do que com todos os conselhos paternos ou com a escola (ainda que, a seu modo, cada um tenha sua importância...). Posso até não gostar de quem sou, mas fui eu quem escolhi tudo isso. É melhor ser consumido em chamas do que evaporar (diria Neil Young). Então viva as musicas que nascem na garagem. Viva a folhagem seca que sobra nos quintais da virtude. Viva a loucura estilizada. Viva a indecência e a fúria.Viva os deuses sujos do rock.
Dedicado a Dennis Hopper, Cazuza, Ginsberg, Roberto Piva e Kerouac, mortos que tem sido excelentes companhias nos dias que seguem...
Hoje foi o dia do Rock! :)
Lá vem Johnny Yen novamente
Com a birita e as drogas
E a máquina de carnes
Ele vai fazer outro striptease
Ei cara, onde cê arrumou esta loção?
Estou ferido desde que comprei a lorota
Sobre algo chamado amor
É, algo chamado amor
Ora, isto é como hipnotizar galinhas
Bem, eu sou apenas um cara moderno
É claro que já tomei na orelha antes
Por causa de um tesão pela vida
Pois eu tenho um tesão pela vida
Tô valendo um milhão em prêmios
Com meu filme de torturas
Dirijo um GTO
Visto um uniforme
Tudo num empréstimo do governo
Tô valendo um milhão em prêmios
É, dei um basta em dormir nas calçadas
Chega de surrar meus miolos
Chega de surrar meus miolos
Com a birita e as drogas
Com a birita e as drogas
Bem eu sou apenas um cara moderno
É claro que já tomei na orelha antes
Porque eu tenho um tesão pela vida
Por causa de um tesão pela vida
Eu tenho um tesão pela vida
Dedicado a Dennis Hopper, Cazuza, Ginsberg, Roberto Piva e Kerouac, mortos que tem sido excelentes companhias nos dias que seguem...
Hoje foi o dia do Rock! :)
domingo, 4 de julho de 2010
O que importa é que ninguem bateu em minha porta
Eu estou assustado, Baby. Pelas coisas que não consigo dizer e são tão necessárias nestes tempos difíceis. Também pelas coisas que queria te dizer, que nem são tão necessárias, mas eu diria assim mesmo se as circunstâncias fossem outras. É que eu me acostumei a encontrar as palavras certas só nos momentos errados, e ontem a noite eu prometi que não deixaria isso acontecer novamente. Essa noite um cachorro latiu pra mim ferozmente enquanto eu caminhava pela rua, aquela sim foi um visão assustadora - quem sabe do que uma fera solitária é capaz? - porque eu acordei e percebi que aquela noite não seria mais um blues, eu me sentia numa noite urbana bem ao estilo do Lou Reed, quando ninguém que eu conheço escuta mais esse cara, isso não te deixa triste? Ele latiu pra mim enquanto eu estava voltando não importa de onde, algum desses lugares em que a gente vai pra esquecer que conhece tanta gente que não interessa e espera lá encontrar aquelas que valhem a pena, tudo ilusão, porque depois que a euforia toda passa só o que sobra são aqueles gostos na boca e aqueles cheiros que conhecemos bem. A noite, como ela consegue, me diz? Eu vinha andando e pensando que ainda há tempo para consertar tudo. E aquele latido me deixou sem esperança, desolado. Achando que tudo é solidão e vazio, você espera uma carícia e tudo que recebe é só um recado ameaçador. O amor não é como um conto de fadas, ele não se compromete com encontros fortuitos e muito menos com finais felizes. Não sei direito porque falei de amor. Esse demônio.... Mas não sucumbirei por causa de palavras que não foram ditas. Deixe esse saxofone tocar só um pouco mais, talvez um pouco mais alto para que possa quem saiba sufocar as batidas do meu coração.
quinta-feira, 1 de julho de 2010
Lição de metafísica (Diálogo com Os Mortos)
O único problema da metafísica
É não ser dotada de sangue, de carne
É ignorar os escombros que sustentam os desejos;
É forçar a vida para além de si mesma e, nesse processo,
Abandoná-la;
(seria um desejo de morte?)
Mas então não é apenas um problema; São três.
Como a santíssima trindade,
Três deuses vis unem-se num só, tolo mistério:
Tal é seu segredo, não possui vida.
Destarte, afirmo:
Minha metafísica é o sexo,
Unico momento em que dois corpos ocupam o mesmo espaço,
Se fundem, se fodem
Suprimindo o tempo e espaço, assim é minha religião.
Se sua preocupação maior é nos fazer menos humanos,
Nos fazer convalescer de nossa existência tísica,
Qual será a meta
Da metafísica?
É não ser dotada de sangue, de carne
É ignorar os escombros que sustentam os desejos;
É forçar a vida para além de si mesma e, nesse processo,
Abandoná-la;
(seria um desejo de morte?)
Mas então não é apenas um problema; São três.
Como a santíssima trindade,
Três deuses vis unem-se num só, tolo mistério:
Tal é seu segredo, não possui vida.
Destarte, afirmo:
Minha metafísica é o sexo,
Unico momento em que dois corpos ocupam o mesmo espaço,
Se fundem, se fodem
Suprimindo o tempo e espaço, assim é minha religião.
Se sua preocupação maior é nos fazer menos humanos,
Nos fazer convalescer de nossa existência tísica,
Qual será a meta
Da metafísica?
Assinar:
Postagens (Atom)
Deixa eu bagunçar você
Durmo na esperança de sonhar contigo Acordo somente pro desejo de te encontrar Menos que obsessivo, meu amor por você é abrigo ...

-
Qualquer lugar pode servir de palco para o espetáculo ardente de amantes inebriados nós já sabemos disso, e até mesmo oferecemos n...
-
Durmo na esperança de sonhar contigo Acordo somente pro desejo de te encontrar Menos que obsessivo, meu amor por você é abrigo ...
-
Você sequer para pra pensar se deve ou não tentar resistir a certo sorriso. Como o dela, que dissipa certezas, que convida à proximidade ...