domingo, 30 de setembro de 2012

Cartas


O que aconteceu com aquele cara que escrevia cartas? Afogou-se num mar de comprimidos para dormir numa madrugada qualquer? Descobriu o pote de ouro no fim do arco-íris e foi, enfim, ser feliz? Acordou numa manhã de sonhos intranquilos e se viu metamorfoseado em outra pessoa? Bom, ele desapareceu, não se veem mais cartas assinadas com seu nome, viajando clandestinamente. Alguém irá notar que suas cartas desapareceram? É uma possibilidade, mas, esteja onde estiver, ele dorme sonhando que em alguma gaveta repousa uma de suas missivas, que quando abertas deixam escapar uma música do My Blood Valentine.

domingo, 9 de setembro de 2012

Joana a Contragosto



"O amor, para mim, ainda era o mesmo ônibus errado. Desde o Aterro do Flamengo até parar no Leblon, sem que eu me desse conta que Copacabana ficava no meio do caminho. Se antes de Joana já era difícil entender o itinerário ou "meu lugar nesse mundo", depois dela e de seus abismos, que não passavam de córregos estreitos,e  da loucurinha controlada com antidepressivos violentos, dos filhos matados no dia seguinte e até da beleza disfarçada em tragédia, e por isso mesmo mais bela, mais trágica, enfim, se antes dela e de todo esse pacote de novidades e cemitérios já me era difícil atravessar as ruas e dar bom-dia ao porteiro do meu prédio, depois de Joana perdi completamente o senso de navegação, e também o pouco daquilo que chamam por aí de "si mesmo" ou do sujeito que (antes, antes dessa mulher...) se achava apesar da confusão".

M. Mirisola.

Deixa eu bagunçar você

Durmo na esperança de sonhar contigo Acordo somente pro desejo de te encontrar Menos que obsessivo, meu amor por você é abrigo ...