De algum jeito tudo que eu sou hoje tem a ver com o rock. De um jeito ou de outro, para o bem ou para o mal. Eu tava lá, com quinze anos, num clube pequeno escutando qualquer coisa, pirando naquele barulho, bêbado à noite, caminhando por Jardim da Penha, cercado de coturnos pretos e pessoas loucas, extremamente diferentes unidas entre si pela música e dispostas a tudo para que a noite durasse nem que fosse um minuto a mais, apenas. Primeiro foi o Nirvana, e toda aquela melancolia de adolescente desterrado, as calças rasgadas e blusas de flanela, Pearl Jam e tudo o que significou pra mim, marcado na minha perna até hoje, depois o engajamento político (longe de partidos, desde o inicio) inspirado por Rage against the machine, Dead Fish, The Clash e todo punk rock do mundo, toquei numa bada de rock sem saber tocar, Ramones é mole, três notas e já foi, a seguir Guns, rock dos anos 50, bebidas, mulheres, mais bebida, Bukowski, Metal também entrou na salada, ainda que me sentisse desconfortável nos shows a musica era de uma violência que acalmava meu lado mau, mas eu queria mais, e aí era Lou Reed e Rolling Stones na vitrola, e as noites cada vez mais longas, durando as vezes dias e dias, e eu que não sabia dançar forró ou samba me acabava ouvindo Garbage, Primal Scream, Stone Roses, desejando ouvir aquilo numa pista de dança, o mundo se estendia, Jimi hendrix virou Deus pra mim, e nessa veio o Blues, Jazz e mais uma porrada de coisas. E mesmo meu gosto por filmes ou quadrinhos veio daí, Tarantino é muito Rock 'n' roll, Neil Gaiman é muito The Cure, e por aí vai. Muito do que citei aqui nem é mais relevante pra mim hoje em dia, mas aquilo nunca saiu de mim, aquela semente do mal plantada não sei quando, não sei por quem, mas que cresce cada vez que coloco um som pra tocar. Essa foi minha educação, ao menos a que mais contou. As histórias que conheci por causa do rock, que passaram pela minha vida, aquele brother com quem passava tardes inteiras bebendo vinho e ouvindo o mesmo disco do Velvet Underground, meu livro com os artigos do Lester Bangs, as maluquices do Jim Morrison, as garotas cheias de atitude e maquiagem e roupas escuras com quem flertei, as noites discutindo musica, é disso que sou feito, no fim das contas. Cresci, mudei, aprendi, diria até que morri e ressuscitei, não sou mais tão inocente, não quero me acabar em tristeza para transformar isso numa musica, nem quero acordar na sarjeta com uma musica do Iggy Pop na cabeça ("I got Lust for Life"), mas a mensagem ficou. Aprendi mais com o rock do que com todos os conselhos paternos ou com a escola (ainda que, a seu modo, cada um tenha sua importância...). Posso até não gostar de quem sou, mas fui eu quem escolhi tudo isso. É melhor ser consumido em chamas do que evaporar (diria Neil Young). Então viva as musicas que nascem na garagem. Viva a folhagem seca que sobra nos quintais da virtude. Viva a loucura estilizada. Viva a indecência e a fúria.Viva os deuses sujos do rock.
Dedicado a Dennis Hopper, Cazuza, Ginsberg, Roberto Piva e Kerouac, mortos que tem sido excelentes companhias nos dias que seguem...
Hoje foi o dia do Rock! :)
Lá vem Johnny Yen novamente
Com a birita e as drogas
E a máquina de carnes
Ele vai fazer outro striptease
Ei cara, onde cê arrumou esta loção?
Estou ferido desde que comprei a lorota
Sobre algo chamado amor
É, algo chamado amor
Ora, isto é como hipnotizar galinhas
Bem, eu sou apenas um cara moderno
É claro que já tomei na orelha antes
Por causa de um tesão pela vida
Pois eu tenho um tesão pela vida
Tô valendo um milhão em prêmios
Com meu filme de torturas
Dirijo um GTO
Visto um uniforme
Tudo num empréstimo do governo
Tô valendo um milhão em prêmios
É, dei um basta em dormir nas calçadas
Chega de surrar meus miolos
Chega de surrar meus miolos
Com a birita e as drogas
Com a birita e as drogas
Bem eu sou apenas um cara moderno
É claro que já tomei na orelha antes
Porque eu tenho um tesão pela vida
Por causa de um tesão pela vida
Eu tenho um tesão pela vida
Dedicado a Dennis Hopper, Cazuza, Ginsberg, Roberto Piva e Kerouac, mortos que tem sido excelentes companhias nos dias que seguem...
Hoje foi o dia do Rock! :)
5 comentários:
Apesar de ter ficado com a vista toda ferrada por conta das letrinhas miudinhas brancas num plano negro, valeu a pena.
O texto é de todo referências de minha história também, como pessoa, como estrangeira.
Somos estrangeiros, Rô, e a culpa é do rock!
Mas agora ficou bão demais! ^^
hey
uma ótima homenagem pro dia do rock
o rock nos permeia, até a minha que vive quase sempre na sua ausencia!
texto lindo!cheio de intuiçoes, emoçao...
hj passei o dia inteiro ouvindo blues. um pouco daquele cd q vc me deu de aniversario q é bão demais!
blues tristes.
o rock pegou a tristeza e irou, fez raiva, revolta.
saudade de conversar.
Postar um comentário