Eu quase te amei. Faltou pouco.
Foi por bem pouco, na verdade. Talvez tenha sido até por acaso que não tenha te
amado. Se eu tivesse segurado sua mão enquanto você entrava naquele táxi,
poderia ter sido, mas... o motorista me perguntou algo, eu desviei o olhar,
você fechou a porta e partiu, sem que eu tivesse te amado. Foi quase, mas eu
não te amei. No máximo, podemos dizer que me entreguei sem medo e com ardor,
com a fúria incontrolável de uma manada de búfalos, com um prazer quase
assassino, mas não te amei. Invadi o templo do seu corpo com sede e fome de
tudo que era você, lancei promessas desesperadas ao seu ouvido, mas não pude
dizer “eu te amo”, pois que eu não te amava, mas foi quase. Havia algo. Fui
perverso e santo a um só tempo, reconheci em ti o que reconhecia de melhor e de
pior em mim, mas não te amei. Existe algo nas estórias de amor que eles contam,
uma pedra fundamental que une definitivamente os seres que amam, e este algo
não nos visitou todo aquele tempo que estivemos juntos. E esse desconhecido
ente surgiria fatalmente em algum momento se permitíssemos que esse tempo
viesse, mas, quando você disse que iria embora, eu sabia que aquilo era
definitivo. Furtivamente, quis que você ficasse. Talvez fosse o tempo de mais
um drink. Ou um café. A gente poderia ter escutado junto sua banda preferida e
elegeríamos uma musica para ser a “nossa música”; mas você queria ir. E eu não
segurei sua mão. E eu não te amei, de verdade. Não sei se foi melhor assim. Eu
ainda não sei o que você queria. Eu não me importo se você saiu satisfeita. Porque
não houve nada no mundo que fosse mais perfeito. Apenas posso imaginar que
algum dia, em algum momento de distração, eu acabaria por te amar. E eu cairia como
caiu o mais nobre dos anjos. Mas eu quase te amei. Ali. Em algum lugar entre o
gozo e a exaustão, eu olhei dentro de teus olhos. E vi tudo aquilo que eu
desejava, tudo que precisava, mas não vi o amor. Mas você estava tão bonita que
poderia ser minha última visão antes da morte. Sem orações, sem vida passando
diante dos olhos, sem amor, sem nada. Apenas você, fugaz, trêmula, subterrânea,
diante dos meus olhos.
sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014
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Deixa eu bagunçar você
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3 comentários:
É uma bela declaração de amor.
A gente sempre só quase no amor, porque ele inteiro já não cabe mais.
A tristeza do talvez é a pior de todas.
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