domingo, 8 de maio de 2011

A paz que não quero

Algumas vezes eu encontro uma paz que é absurda. E não é uma paz construída, buscada, que vem surgindo aos poucos com o correr das horas. É uma paz que explode, transborda, não acalma - fere. E, na verdade, é ela que me encontra, como os olhos de uma mulher a me encarar. Ela recusa bebidas e musicas e companhias, deseja apenas cigarros e silêncio, vazio. Às vezes quase sinto ela arrebentando meu peito como uma bomba. Ela se assemelha a uma pequena certeza de que tudo que havia pra acontecer já passou, que não há mais nada para esperar e que não há motivos nem pra ansiedade nem pra vontade. Ela é como uma mãe velha que diz "é assim mesmo". Eu só conheço essa paz, dos desesperados. E ela é violenta, maligna. Só que eu, que caminho chutando poças d'água quando estou triste, que me arrepio com seu toque, que não sei dedilhar nenhuma bela melodia no violão, eu, preferiria, a esta paz, a insanidade em tua cama.

Um comentário:

Cami Silveira disse...

eu, preferiria, a esta paz, a insanidade em tua cama...
que frase perfeita
ai me deu uma vontade fumar um cigarro
bjo bjo

Deixa eu bagunçar você

Durmo na esperança de sonhar contigo Acordo somente pro desejo de te encontrar Menos que obsessivo, meu amor por você é abrigo ...