terça-feira, 17 de maio de 2011

Último Copo de Tristeza





Sim, eu vi estrelas despencarem como se fossem lágrimas do céu. E eu jamais diria para ti que tive uma visão tão triste se você aparecesse de repente com seu sorriso de noite fria, seu olhar lânguido de gata. Enrolados em meus dedos, teus cabelos contariam uma estória. Vaga, como a lua. Sem sentido e sublime. Com algum brilho. Beijaria teu pescoço e guardaria pra mim essa visão triste, e mais todos os pesadelos que me assaltavam quando não conhecia esse frescor sublime de seu abraço. Pra não te assustar. Odiaria ver você fugir por aquela porta com medo do que quer que fosse que viste em meus olhos. Sou como a heroína de histórias de terror que só no fim descobre que ela é a única que pode destruir o fantasma que persegue ela e seus amigos, como um sobrevivente de um massacre que se escondeu e só muito tempo depois do ocorrido sai de seu quarto pra ver o que restou. E o que sobra é esse misto de solidão e alívio, e um imperativo de recomeço que ronda cada gesto, cada palavra que sai de minha boca. É essa sensação e o prazer da sua presença que, se não me sustentam, me permitem encarar mais um dia de sol com um sorriso incerto nos lábios, de quem não sabe direito o que vai fazer nem como, mas que sabe que vai dar certo só porque não foi tentado antes. E sobre aquelas estrelas cadentes que caíram em chamas no mar, eu devo dizer que delas mantive um retrato em minha memória, e em alguma noite amena te conto com um sussurro ao ouvido. 

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