terça-feira, 19 de outubro de 2010

Adormecendo sob sedutoras asas

Distância
Mais vontades, Noves fora, zero.
E ela ainda diz que pode ser.
Uma musica triste é como
Um cobertor para aquecer um corpo que já arde
Conhaque pra esquecer, e que me faz
Bater como um louco nessas teclas feitas de [mármore,
Inscrevendo aqui um sério epitáfio:
Esse acordo com o Diabo não fui eu quem quis, foi [esse calor que em certas madrugadas insiste em [voltar com uma tal violência que me paralisa;
Carneiro imolado oferecido aos lobos da mente, me [vejo
Aos sete anos de idade, de castigo no porão por [conta própria por ter me comportado mal.
O Anjo de Luz apareceu pra mim e me propôs
Não uma saída, mas um conforto.
Abriu suas longas asas sobre mim e pediu que eu [renegasse
As tardes outonais sob as mangueiras, ao amor materno,
Os amores inocentes no despertar da juventude, os [sonhos tranqüilos.
Recusei, cordeiro de Deus.
Ele voltaria mais tarde, no meio da noite, no meio [da chuva, mais uma vez expulso.
Não lhe negaria pela terceira vez, eu, Pedro ao [avesso.
Troquei minhas parcas ilusões por um inferno de [sensações.
Estou sempre próximo de um êxtase que nunca [alcanço,
Que me abandona quando estou quase no auge,
Pra me deixar enclausurado em minha própria [santidade
Sóbrio, exausto e sem amor nenhum, e este ciclo [vai se repetindo.
E a impossibilidade de vivenciar este encontro é [só uma prova
De que Ele ainda está aqui, com suas belas asas,
Sedutoras asas de anjo,
Para se certificar de que estou cumprindo minha [parte do contrato.
Como se eu tivesse outra escolha.
Como se fosse possível, para um dissidente,
Reatar antigos laços, lealdades, esperanças.

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