quinta-feira, 6 de junho de 2013

"A Wind Beaten Tree", Van Gogh. 

Os finais dos dias são todos parecidos, possuem o mesmo desfecho de um jeito ou de outro, os dias calmos e os dias loucos, os dias de paz e os dias de guerra, em todos eles, eu termino com a sensação de não haver chegado a termos comigo mesmo. A sensação de não conseguir resignar-me e dizer: “então, és isso”. Ao menos compreender-me um pouquinho mais que seja. E o que vem acontecendo é que eu me convenço cada vez mais que eu devo abandonar tal pretensão, de realizar um acordo qualquer, por nefasto que seja, com meu espírito. O que tem me impedido de fazer isso até agora, de entregar os pontos e me deixar arrastar pelo turbilhão, é a certeza de que eu sei como isso terminará. Não há solução possível para mim, não há outro fim que não seja fechar repentino das cortinas. E é essa certeza que me leva a resistir e, dia após dia, tentar chegar a termos com minha consciência. Pergunto-lhe o que ela quer de mim, o que eu preciso fazer para conseguir um pouco de paz para realizar minhas tarefas mais banais, para sorrir mais facilmente, para voltar a minha vida. E a cretina me responde de volta apenas com sorrisos de escárnio, com trabalhos irrealizáveis, ou apenas, depois de um dia estafante no qual cumpro com todos os pontos de nosso contrato, me afasto da nicotina, álcool, músicas, pensamentos ansiosos, depois de tudo isso, deito meu corpo sobre a cama esperando que algo tenha mudado, que os fantasmas não estejam mais lá, mas eles uivam ainda mais fortemente. E eu já sei que no dia seguinte terei que me dedicar mais um dia inteiro tentando afugentá-los, além de cumprir as coisas que deixei de fazer no dia anterior para tentar me curar, além de acender cigarros atrás de cigarros, e além de distribuir sorrisos amarelos para toda uma avenida de transeuntes que nunca cessam de passar. Eu não consigo chegar a termos comigo mesmo. Mas eu preciso.  Uma árvore tombada pelo vento. É como me sinto. Mas minhas raízes, estas, não me deixam cair de uma vez... espero poder contar com elas, de novo.

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