Você sequer para
pra pensar se deve ou não tentar resistir a certo sorriso. Como o dela, que
dissipa certezas, que convida à proximidade e do qual eu não poderia me cansar.
E ela estava sorrindo quando eu a puxei pela cintura e a beijei. Não posso
dizer que não foi o sorriso dela que tenha me levado a isso. Mas ela já havia
sorrido tanto outras vezes, e eu só fui beijá-la naquele instante porque antes
tudo que eu conseguia fazer era olhar pra ela e desejar que ela não parasse de
sorrir nunca. E agora esse sorriso não sai da minha cabeça. Ou seu beijo. Ela
beija como se houvesse intimidade desde sempre entre nossas lábios. E quando eu
paro de beijá-la nossos sorrisos são cúmplices e é como se continuássemos
beijando através deles. Eu estou tentando te dizer que isso não é normal. Não é
algo que aconteça todo dia. Você se acostuma com as maneiras como diferentes
pessoas irão te tocar durante a vida, mas nada te prepara para um toque como o
dela. A suavidade que amolece o teu coração e enrijece outras partes. Eu ainda
sinto seus dedos entre meus cabelos e a vontade de não sair dali. De morar
naquele toque. Eu lembro como seu olhar me penetrava enquanto eu tentava ler o
que havia por trás dele. E, sobretudo, eu me lembro do carnaval insidioso de
nossos corpos. Da faísca que surge do primeiro toque ao incêndio descontrolado
cujo fogo é medido a base de gritos e sussurros, as labaredas do gozo e o
tremor agônico que sentimos enquanto elas se dissipam; você nem para pra pensar
se quer resistir a tudo isso. Eu não quero. Eu só quero vê-la chegando e já de
longe flagrar o seu sorriso, mais brilhante que qualquer tarde de janeiro, e
tão quente quanto.
(Rodrigo)
2 comentários:
Um dia você ainda vai afogar o meu coração em você. Putamerda.
Quero correr esse risco, baby.
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