Olho pra este quadro e não sei o que nele me passa essa sensação de terror. Me parece que a fumaça que sai do cigarro se espalha pelo quadro e o homem que o segura é apenas uma imagem materializada dessa fumaça. E sua expressão é grave, como se soubesse de algo que nenhum de nós sabe, um segredo que ele traz de onde ele veio. Depois percebo que o cigarro não poderia criar o homem e imagino, então, que a fumaça que sai do cigarro aceso por ele está na verdade consumindo-o, aos poucos ele se mistura com a fumaça e vai desaparecendo e é isso que lhe dá essa expressão grave, a consciência de que ele mesmo acendeu a chama de sua extinção iminente, e ele segue resoluto rumo ao fim, me encarando. E eu acho que entendo-o.
terça-feira, 23 de outubro de 2012
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