terça-feira, 30 de julho de 2013

Borboleta de Asas Negras

Ela me olha desde a cama, e seu olhar tem algo de inquisidor, ainda que com alguma admiração. Despida como está, eu mal consigo encarar seus olhos. Os meus fixam-se no contorno arredondado de seus seios e nas gotas de meu suco que ali ainda jazem. Displicentemente, ela acaricia a superfície superior do pé esquerdo com os dedos do pé direito, não sei bem se ela nota minha atenção voltada para esse simples gesto capaz de me colocar novamente em pleno estado de excitação, mas entrelaça os dedos uns nos outros pressionando-os com força e depois os solta e deixa os pés relaxarem sobre o colchão, em atitude de gozo. Foi nesse instante que meus olhos de relance alcançaram os seus, da maneira como eu havia dito antes, olhos que perscrutam. Desviei o olhar, temendo revelar algo que não fosse permitido. Nem todo tipo de intimidade seria permitido naquele momento. Alguns pensamentos devem permanecer resguardados de maneira a conservar, digamos assim, o sex appeal que a atmosfera incita. Ela seguia interrogativa. Minha borboleta de asas negras, a fonte de águas venenosas da qual bebi e tornarei a beber, respira sua respiração pesada que fazia mover seus belos seios rosados, a cabeça apoiada sobre o braço e as pernas ligeiramente abertas, ela me devorava com os olhos, a mim, ocupado em fingir que não olhava para mim mesmo enquanto dirigia os olhos para ela. Tendo bloqueado seu acesso ao essencial, eu sei que ela se perguntava o que sentia o tipo a sua frente. E foi assim que, junto à janela, apaguei o meu cigarro no fim, sorri o sorriso nervoso dos famintos, sentia o sangue tornar a enrijecer meu pau e atirando-me sobre ela, segui ocultando o que ela buscava descobrir, a saber: A paixão.

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