quinta-feira, 1 de agosto de 2013

The Memory Remains

Ele achou que seria importante guardar aquelas cartas. Folhas e mais folhas contando alguma história que a memória, essa algoz, daria conta de apagar.
Ele achou que seria importante lembrar para sempre de algo que jamais aconteceu. Nos porões de sua mente, a fantasia sempre teve o status de coisa real.
Ele sempre soube que, esforçando-se um pouco, conseguiria dar vida aos sons, cheiros e sabores contidos naquelas cartas, mas jamais materializaria o amor contido nelas.
Ele nunca deixou de olhar para aqueles envelopes como relíquias de um tempo antigo, testemunhos de uma irmandade desfeita, evidências de um crime não-consumado.
Ele nunca deixou de se embriagar com lembranças. Também nunca deixou de crer em fantasmas ou de caminhar por labirintos construídos com seus medos, pobre Ariadne.
Mas uma noite, uma fagulha se acendeu. No incêndio que se seguiu, aquelas cartas se queimaram. Aflito, aviltado pelo horror das horas noturnas e pela culpa pelo que havia feito de sua vida, ele decidiu:

Era tempo de crescer. Que haja luz neste quarto escuro.

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