Sinto como se
houvessem escrito ofensas em minha lápide;
Sinto um tremor: Como
se outra pessoa houvesse confessado e morrido pelos meus pecados
E não houvesse sido
Jesus Cristo, apenas uma desconhecida cantora de jazz em Cuba;
Sinto como se neste
exato momento alguém cavasse um buraco
Um buraco lento e seco
e irregular embaixo de minha casa,
E temo que descubram o
local exato onde enterrei a criança que eu costumava ser.
E neste buraco plantem
uma árvore trêmula de flores brancas que assombrará meus dias;
Sinto como se
houvessem assaltado meus sonhos;
Como se deus existisse
por um minuto todos os dias;
Como se a faca com que
me corto estivesse cega
“E tu me negaste o
vinho com que te inebrias...”
Sinto como se aquele
homem que mora através do vagão
Fosse agora meu amigo,
me cobrisse de presentes e beijos;
Sinto como se eu
precisasse ajuda-lo;
Sinto que algo nos
liga profundamente:
Dor, sombras,
Troquei as ultimas
lâmpadas por luzes de natal;
Os morcegos se foram de
uma vez,
Dispersos convivas
sentam-se comigo a mesa
E sinto como se apenas
essa noite eles não pudessem me fazer mal.
R. (Dezembro, 2010, e ainda atual...)
Nenhum comentário:
Postar um comentário