domingo, 1 de junho de 2014

Traficando Desesperança em Tempos de Paz


Sinto como se houvessem escrito ofensas em minha lápide;
Sinto um tremor: Como se outra pessoa houvesse confessado e morrido pelos meus pecados
E não houvesse sido Jesus Cristo, apenas uma desconhecida cantora de jazz em Cuba;
Sinto como se neste exato momento alguém cavasse um buraco
Um buraco lento e seco e irregular embaixo de minha casa,
E temo que descubram o local exato onde enterrei a criança que eu costumava ser.
E neste buraco plantem uma árvore trêmula de flores brancas que assombrará meus dias;

Sinto como se houvessem assaltado meus sonhos;
Como se deus existisse por um minuto todos os dias;
Como se a faca com que me corto estivesse cega
“E tu me negaste o vinho com que te inebrias...”


Sinto como se aquele homem que mora através do vagão
Fosse agora meu amigo, me cobrisse de presentes e beijos;
Sinto como se eu precisasse ajuda-lo;
Sinto que algo nos liga profundamente:
Dor, sombras,

Troquei as ultimas lâmpadas por luzes de natal;
Os morcegos se foram de uma vez,
Dispersos convivas sentam-se comigo a mesa

E sinto como se apenas essa noite eles não pudessem me fazer mal.


R. (Dezembro, 2010, e ainda atual...)

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