É ano-novo e você se afasta da
multidão que se abraça e faz votos, enquanto você molha os pés na água refletindo
se toda aquela comoção afinal é mesmo uma exibição de esperança ou só pressão
social por participação em rituais (provavelmente um pouco dos dois) (todo ano é a
mesma coisa, nem sempre a mesma água, mas a reflexão sim), mas você termina se
juntando ao resto do pessoal, não sem antes fantasiar uma última vez com uma caminhada lenta e definitiva mar adentro até que todo barulho cesse, toda dor tenha
fim e tudo seja água de uma vez por todas, mas então você escuta os fogos, os
tilintar das taças, os gritos das crianças e volta a si com uma mistura de
vergonha e conformismo e mesmo assim sorrindo porque no fim das contas você
seguirá de um jeito ou de outro, no fim das contas as contas serão pagas e você
dará algum jeito pra que elas façam algum sentido sem fantasiar tanto com o que
você gostaria que seu mundo fosse e abraçando-o do jeito que ele é – pois
olhando esses que agora te abraçam (e todos que alguma vez já te abraçaram)
você, no fundo, sabe que nem todo barulho que eles fazem é ruim, nem toda dor
dura pra sempre e, sobretudo, nós já somos água sem precisarmos perecer no
fundo do oceano pra isso. tudo o que você precisa é abraçar sua própria fluidez,
profundidade e mistério.
terça-feira, 1 de janeiro de 2019
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Deixa eu bagunçar você
Durmo na esperança de sonhar contigo Acordo somente pro desejo de te encontrar Menos que obsessivo, meu amor por você é abrigo ...
-
"A Wind Beaten Tree", Van Gogh. Os finais dos dias são todos parecidos, possuem o mesmo desfecho de um jeito ou de outro, ...
-
Deixe-os todos lá fora hoje Deixe-os rir, tudo bem. Eles pensarão que você se esconde Agora não é hora de brincar Você perdeu algo ...
Nenhum comentário:
Postar um comentário