E tem aquele filme do Bergman em que o Max Von Sydow é um escritor que não consegue mais dormir, porque ele teme o anoitecer, a hora em que as sombras tomam conta de tudo e o silêncio faz com que você duvide dos sons que você ouve, e o jeito é ele ficar acordado a noite inteira; Você percebe que o cara está pirando, imagina, semanas dormindo cada vez menos, ele obriga a sua companheira a ficar acordada pra manter ele acordado, o desgaste físico, emocional é enorme. Existem seres a espreita que só saem à noite, na hora do lobo, e derrubam coisas, fazem barulho, ameaçam simplesmente com a possibilidade de serem reais. Mas na verdade ele está atormentado pela culpa de algum crime cometido nessa hora sombria, algo do qual ele não mais quer fazer parte até que, finalmente surtado, ele é arrastado de volta para a escuridão, abrindo mão de recuperar sua paz e seu sono, mas a loucura é um caminho sem volta. A insônia é uma cortesã serva da loucura e do mal, e não adianta deixar a luz acesa pois um breve piscar de olhos basta para que você encare sua face horripilante. Real como só o medo pode ser, uma face vazia na escuridão de um quarto. A voz do nada, foi isto que escutei quando silenciaram todos os gritos. A hora do lobo. Terrível ter que escolher entre o pesadelo e a insônia.
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Deixa eu bagunçar você
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Um comentário:
Nossa, Rô, verdade. Qdo eu era criança eu fica triste em todos os crepúsculos (próximo ao poente)...era noite que chegava mansa... Gostei dessa coisa da "insônia como cortesã..."
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