Não, você não lotou minha caixa de e-mails. "Lotar a caixa de e-mail", inclusive, tornou-se já obsoleto nessa era de e-mails de capacidade infinita. Mortal nenhum utiliza mais de 10G em e-mails, mas eles estão aí. Assim, nunca conhecemos o limite, e nunca o ultrapassamos, nos contentamos com a ilusão da transgressão. E como conheceremos nossos limites se não chegamos até ele? Não interessa. Auto-conhecimento não está muito em voga. O importante é nos sentirmos livres, ilimitados, como se tudo pudesse continuar crescendo, avançando, infinitamente. Tecnologia, drogas, sexo, juventude, tudo está ficando ilimitado. Nunca terei o prazer de abrir minha caixa de e-mails e perceber que não cabem mais mensagens lá de tanto que você me escreveu. E eu perderei a oportunidade de, através do choque, ter mais uma prova física do quanto você se importa. Não importa quantos e-mails houverem, ainda há espaço para muito mais. Sempre haverá. E nunca conheceremos a dose derradeira de coisa alguma nem por um segundo notaremos nossas sombras estafadas por um dia que não deveria ter sido, mas pelo qual passamos, sobrevivemos e sabemos que não irá se repetir. Estamos na contramão de tudo mais uma vez. Alguns físicos estão certos de que o universo é finito. Cuidado, em breve nos chocaremos contra o muro de concreto de nossas mais loucas ambições, já sem combustível para a viagem de volta.
"Jamais saberemos o que é suficiente enquanto não soubermos o que é mais que suficiente".
- William Blake.
Um comentário:
Putz, que texto!!!!!!
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