Triste e sozinha no frio planetário
Acostumada com as histórias tristes da Noite
Selene abraça o silêncio.
Cantando para si mesma os crimes dos seus filhos.
Seus raios azuis me encantam,
Refletem em minhas costas os caminhos que percorri,
De túmulos esquecidos, fogueiras e rostos distorcidos.
Seus pesadelos não me deixam dormir.
Todos os amores profanados parecem lembrar
Que eu não posso trazer Leonora de volta pra mim.
Minha paixão por ela avança pela noite
De bebedeiras e tragos que arruínam meu corpo,
E faço meu caminho de volta pra casa
Por entre corpos que a irmã psicose descartou
E cacos de vidro daquilo que sou,
Ampulhetas quebradas que tornam a funcionar
Marcando cada suspiro meu por onde vou.
Selene canta,
E sua voz é como essa chuva fina que cai.
Eu a escuto fiel, mas meu coração se distrai.
O covil que não posso chamar de lar
Parece assombrado quando iluminado por Ela.
Meus passos soam abafados,
O frio me segue pelo corredor,
Deito-me certo de que não é esse o meu fim.
Mesmo quando estou repousando
Sinto Selene repousar seus olhos sobre mim.
Janeiro , 2006.