domingo, 6 de junho de 2010

Domingo

Hoje não resisti e fui à feira comprar cebola. Na real, fui porque não consigo passar um domingo de manhã sem ir à feira e ver gente, me misturar um pouco, tomar uma cerveja, olhar nos olhos dos passantes, observar belas mulheres descontraídas que na noite anterior devem ter estado fatais. E já que estive lá, aproveitei para comprar cebolas e pimentas, porque sou daqueles que acha que temperos são dessas coisas da vida que nunca são demais - e existem muitas delas, ao contrário do que dizem alguns puritanos, pastores, psicanalistas e outros negociadores da fé alheia. Ontem li o texto de um cara que devora todos os dias seu horizonte, com muita cebola, alho e salsa e depois sai pra encarar a vida. Eu sou mais ou menos assim. Meu horizonte andou um tempo bem intragável, com gosto de cerveja quente e gordura, cozinhei-o demais e passou do ponto. Arrumei outro para mim. Falta temperá-lo, mas isso eu busco na feira, no bar, nas ruas, em camas, em livros, filmes, nos ontens e amanhãs sempre bem-vindas, na estrada e sua calma perigosa, até na falta do que fazer. Fiz uma aposta muito alta pra perder assim tão fácil. Não tem a ver com estar pronto pra fazer o que quer que seja, mas de fazer de qualquer jeito.

3 comentários:

Saulo Ribeiro disse...

é um pessimista sim, mas a maioria deles realmente gosta de putas e livros.

adorei esse papo de culinária existencial.

tenho um personagem que pensa em renovar o homem usando noz moscada.

Abração e saudades, cara.

Saulo Ribeiro disse...

é um pessimista sim, mas a maioria deles realmente gosta de putas e livros.

adorei esse papo de culinária existencial.

tenho um personagem que pensa em renovar o homem usando noz moscada.

Abração e saudades, cara.

Fernanda Tatagiba disse...

temperar esse horizonte, o mais dificil e o mais encantado trabalho!

Deixa eu bagunçar você

Durmo na esperança de sonhar contigo Acordo somente pro desejo de te encontrar Menos que obsessivo, meu amor por você é abrigo ...