domingo, 12 de agosto de 2012



Que algumas coisas têm que ficar para trás para que outras novas possam chegar e ocupar o lugar delas, é algo que eu já aprendi tem tempo. Conheço bem estes ciclos em que uma parte que você considerava imprescindível de tua vida te abandona ou precisa ser abandonada, por mais que doa. Não que seja fácil ou indolor, mas tenho algum know-how neste tema. Desde sempre. Algumas pessoas próximas chegam a nem me reconhecer mais quando isso acontece. Mas elas se acostumam, porque depois de um tempo percebem que eu, eu mesmo, não mudei porra nenhuma, afinal, o DNA é o mesmo, sou o mesmo amontoado de células de antes, the modern monkey de sempre; valores e crenças estão aí para serem trocados como roupas. E sim, eu mudo meu guarda-roupa bem de vez em quando. Mas quando mudo, vai tudo embora de uma vez. Quase tudo. E eu sinto que é hora de outra mudança, de forçar o vento a soprar em outra direção mais uma vez. Quando você sente que já não cabe em si mesmo, que uma outra pessoa tem vivido dentro de você, e sente-se alienado de si mesmo, é hora de mudar de novo. Tenho tido comportamentos suspeitos que evidenciam essa necessidade. Meu sentimentalismo barato aprendido com baladas dos anos 80 e poemas de Neruda e Garcia Lorca não vão me salvar agora. Normalmente, sou do tipo que sai da fossa com coisas mínimas, uma chuva no fim da tarde, uma musica que não ouvia há tempos, ou, como naquele poema do Bortolotto, "você, saindo de um temporal, com o sorriso mais bonito do mundo". Todas essas coisas costumam aliviar a pressão, e quando elas não mais o fazem, ou eu mudo os filmes que vejo, lugares por onde ando, ou tudo de uma vez. E sei que tenho acordado todos os dias dizendo pra mim mesmo que odeio o jeito como estou fazendo as coisas, que este não sou eu. Que meu tesão agora é outro e tenho que acabar com a dificuldade de assumir isto. E a hora, creio eu, é de recuperar algumas coisas que deixei para trás. Coisas que posso aproveitar melhor agora, com o benefício da idade, enquanto há tempo. Eu tinha o potencial. Tinha as armas. A vontade. E deixei passar. E talvez não seja tarde pra tentar de novo. Um pouco de foco, ânimo, e talvez algumas drogas, e eu volto à minha melhor forma. Farei isso. E poderei me orgulhar, algum dia, de ter tentado. 

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Durmo na esperança de sonhar contigo Acordo somente pro desejo de te encontrar Menos que obsessivo, meu amor por você é abrigo ...