sábado, 23 de fevereiro de 2013
Into My Arms
"Eu não acredito em um Deus intervencionista
Mas eu sei, querida, que você acredita.
Mas, se eu acreditasse eu me ajoelharia e o pediria
Para não intervir quando você vem até mim.
Para não tocar um fio de cabelo em sua cabeça,
Para deixá-la como você é.
E se Ele sentisse que ele precisasse direciona-la,
Te direcionasse para os meus braços"
"E eu não acredito na existência de anjos.
Mas, olhando para você, eu questiono se isso é verdade.
Mas, se eu acreditasse, eu os convocaria todos,
E pediria a eles para olharem por você.
Para que cada um acendesse uma vela por você
Para iluminar e clarear seu caminho
Para caminhar, como Cristo, em graça e amor
E guiar-te para os meus braços".
"Mas eu acredito no amor
E eu sei que você acredita também.
E eu acredito em algum tipo de caminho
Que nós podemos atravessar, eu e você.
Então mantenham suas velas acesas,
E faça sua jornada brilhante e pura,
Que ela permaneça voltando
Sempre e cada vez mais,
Para os meus braços".
Amor Brando
Se aproxime de mim um pouco; mas não tanto,
A ponto de eu sentir sua falta quando você for embora";
Karina Buhr - "Amor Brando".
quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013
Incorrigível
Eu não escrevo mais poemas.
Meus dedos se petrificaram e agora só talham
frias descrições de fatos
sem cheiro nem sabor,
apenas tecem um trabalho rude e contam
um metal que, vamos lá, nem é tão vil assim,
se pagam meus cigarros, minha bebida.
Eu não escrevo mais poemas.
Se ainda escrevo em versos, é por força do hábito,
esse inimigo invisível, essa lira proustiana,
que faz com que o abandono do que quer que seja,
por pior que seja, seja sempre dolorido;
Não há mudança que não implique num certo
sentimento de perda, isso é sabido.
Se anoto o endereço que me dão por telefone,
ele sai em versos.
Se escrevo um bilhete para a guria triste de cabelos cacheados
No outro lado do bar, ele sai em versos;
Ontem mesmo escrevi um e-mail de trabalho, e era assim:
"A reunião pode ser às 15.
Quanto mais cedo,
Menos triste"
Está certo ser assim, tão incorrigível?
Meus dedos se petrificaram e agora só talham
frias descrições de fatos
sem cheiro nem sabor,
apenas tecem um trabalho rude e contam
um metal que, vamos lá, nem é tão vil assim,
se pagam meus cigarros, minha bebida.
Eu não escrevo mais poemas.
Se ainda escrevo em versos, é por força do hábito,
esse inimigo invisível, essa lira proustiana,
que faz com que o abandono do que quer que seja,
por pior que seja, seja sempre dolorido;
Não há mudança que não implique num certo
sentimento de perda, isso é sabido.
Se anoto o endereço que me dão por telefone,
ele sai em versos.
Se escrevo um bilhete para a guria triste de cabelos cacheados
No outro lado do bar, ele sai em versos;
Ontem mesmo escrevi um e-mail de trabalho, e era assim:
"A reunião pode ser às 15.
Quanto mais cedo,
Menos triste"
Está certo ser assim, tão incorrigível?
segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013
Mudanças (III)
Que ninguém me tome pela minha sombra. Nem olhe em meus olhos pensando estar vendo meu coração. Não especule sobre minha mente antes de conhecer minhas entranhas. Não se espante se meu corpo quente guardar uma alma gelada, e nem se descobrir que a unica lágrima que eu derramar for de raiva. Tanta vida e tão pouco corpo, tão pouco tempo, tão poucas escolhas. O sangue pulsa, o tempo absorve, as lágrimas secam e a vida... a vida se nutre disso tudo, se expandindo e se contraindo sem esperar que eu a entenda ou me prepare. Mas, não é assim com todo mundo? Milagres acontecem. Mas não se pode contar com eles. A vida é uma guerra e minha mente o primeiro campo de batalha. E eu, tão avesso a combates, tive que aprender a lidar com exércitos levantando cerco contra a fortaleza em que transformei meu coração. Tudo, eu disse, tudo em vão. E agora, me forço a um recuo estratégico, para reagrupar minhas tropas e preparar minha ofensiva. Noites de amor, dias de guerra.
"Não quero ficar dando adeus
Às coisas passando.
Eu quero é passar com elas
E não deixar nada mais do que as cinzas de um cigarro.
E a marca de um abraço no seu corpo.
Não, não sou eu quem vai ficar no porto chorando
Lamentando o eterno movimento dos barcos..."
Jards Macalé, "O Movimento dos Barcos".
Às coisas passando.
Eu quero é passar com elas
E não deixar nada mais do que as cinzas de um cigarro.
E a marca de um abraço no seu corpo.
Não, não sou eu quem vai ficar no porto chorando
Lamentando o eterno movimento dos barcos..."
Jards Macalé, "O Movimento dos Barcos".
domingo, 17 de fevereiro de 2013
Mudanças (II)
"So the days float through my eyes
But still the days seem the same
And these children that you spit on
As they try to change their world
Are immune to your consultations
They're quite aware of what they're going through"
sábado, 16 de fevereiro de 2013
Mudanças (I)
"Todas as mudanças, mesmo as mais desejadas, têm sua melancolia.
Pois o que deixamos pra trás, é uma parte de nós mesmos.
Devemos morrer para uma vida antes de podermos entrar em uma outra"
Anatole France
Mal Secreto
"Não choro. Meu segredo é que sou rapaz esforçado.
Fico parado, calado, quieto.
Não morro, não choro, não converso.
E passado meu medo,
Mascaro minha dor, já sei sofrer.
Não preciso de gente que me oriente".
sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013
Farta-te
Foi num entardecer qualquer, numa praia vazia.
Com os olhos marejados e
Segurando minha mão, ela me contou
Que seus lábios fartos
Estavam fartos da pronúncia seca
De palavras outrora sacras.
Ela disse 'eu te amo' mais uma vez,
E aquela seria a última.
Foi então que eu disse 'farta-te
Esgote a vida que há em meu corpo
Que de nada serve se não alimentar o teu'.
Entreguei-me como quem se dá em sacrifício,
Como quem prova do próprio veneno,
Como o vampiro que fica ao lado da amada até que
O primeiro raio de sol venha para despertá-la de sonhos ruins e
Transformar o amor dele em cinzas.
Com os olhos marejados e
Segurando minha mão, ela me contou
Que seus lábios fartos
Estavam fartos da pronúncia seca
De palavras outrora sacras.
Ela disse 'eu te amo' mais uma vez,
E aquela seria a última.
Foi então que eu disse 'farta-te
Esgote a vida que há em meu corpo
Que de nada serve se não alimentar o teu'.
Entreguei-me como quem se dá em sacrifício,
Como quem prova do próprio veneno,
Como o vampiro que fica ao lado da amada até que
O primeiro raio de sol venha para despertá-la de sonhos ruins e
Transformar o amor dele em cinzas.
quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013
Foi Na Cruz
Para os católicos, a Quaresma marcava o período de 40 dias que deveriam ser guardados à reflexão, elevação espiritual e penitência, que termina na festa da Páscoa, uma celebração de Renascimento. Os clérigos instruíam os fiéis a meditar, durante a Quaresma, sobre os ensinamentos do Evangelho e o quanto suas vidas se assemelhavam com o que era recomendado pelos textos sagrados. Talvez seja uma das unicas coisas na simbologia cristã que me sempre me cativou. Toda a liturgia envolvendo a semana santa, cerimônia de lava pés, as penitências, o jejum, tudo. E justamente agora, quando mais uma onda de confusão, introspecção e pedidos de socorro não feitos me invade, inicia-se a Quaresma. Estou decidido a me dedicar nos próximos dias a uma espécie de Quaresma particular. Me livrar de antigas vestes. Observar mais de perto meus hábitos e arrancar aqueles que tem me impedido de gozar a plenitude de minha vida. Vou me dedicar apenas àquilo que sempre julguei essencial para mim e eliminar as superficialidades. Uma série de penitências e privações serão observadas para que isto aconteça. Para que eu possa renascer, das cinzas se for preciso.
terça-feira, 12 de fevereiro de 2013
Um dia esse inverno teria de acabar
Photo por Maíra Martins
Foi no inverno do ano de 2004, eu não me recordo direito nem o mês nem o dia. Na tentativa de viver, eu na verdade joguei uma vida inteira fora. Acordei um dia nos braços do acaso, confundi-o com o abraço da virtude e desde então nunca mais retornei de uma vida errante que oscila entre a fortuna e os revezes mudando de direção a cada lance de dados.
Ou teria sido no verão de 2000? Não bastasse o calor que não me deixava pensar direito, ainda diziam que seria o fim do mundo. E eu sempre pensei como seria fazer 18 anos em plena virada de década, século, milênio...
Mas e o outono de 99? Eu ainda tinha grandes expectativas nesta época, e nenhuma delas tinha relação com fazer tudo o que fiz depois. Talvez tenha sido ali que eu tenha sepultado minhas vontades e desejos mais genuínos, inebriado pelo cheiro dos cabelos dela e pela droga que inalávamos.
Mas olha, eu só estou escrevendo isso, pra eu te dizer que eu encontrei. Achei tudo que eu havia dito. Tenho lentamente recobrado minha alegria de viver. Lembrei de tudo aquilo que queria. E ao contrário dessas pessoas covardes que olham para o passado e se acham velhas demais para o antigo entusiasmo, eu só consigo pensar que a melhor hora pra conseguir tudo é agora. Talvez antes eu não estivesse preparado. Agora estou.
Such a nice evening.
Estou pronto para uma primavera de amor.
quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013
sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013
Bilhete Anônimo Nº5
Não mexam aqui. Uma dor, quando mexida, vira qualquer coisa entre a sombra e o desespero. Uma dor quieta fica bege. Deixem-me amuada nesse canto onde vezemquando bate uma brisa, onde posso ouvir os amigo gargalhando, onde escuto ainda o eco de uma promessa contrabandeada às pressas na fronteira intangível dos sentidos.
Luana Vignon, Aqui.
Luana Vignon, Aqui.
As Sombras (I)
"O Sono da Razão Produz Monstros" - Goya.
As trevas que preenchem minha mente guarda faces ou vozes que eu não quero ver, e eu sei que eu não posso ficar a sós com elas. E é por isso que todas as noites busco um alívio para esse espírito torturado, para estes suplícios auto-inflingidos e para a redenção deste corpo condenado no tribunal da memória. O bálsamo que tem me servido de consolo para as trágicas horas noturnas, entretanto, também faz despertar o que há muito havia adormecido. Ele alivia as dores do corpo abre frestas nos umbrais da Razão, assim permitindo que os monstros entrem. Não me sinto triste, mas sei também que ficar na triste não seria o pior que poderia me acontecer quando em minha cabeça fica apenas a imagem de pregos, cruzes e um saco de moedas.
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