Photo por Maíra Martins
Foi no inverno do ano de 2004, eu não me recordo direito nem o mês nem o dia. Na tentativa de viver, eu na verdade joguei uma vida inteira fora. Acordei um dia nos braços do acaso, confundi-o com o abraço da virtude e desde então nunca mais retornei de uma vida errante que oscila entre a fortuna e os revezes mudando de direção a cada lance de dados.
Ou teria sido no verão de 2000? Não bastasse o calor que não me deixava pensar direito, ainda diziam que seria o fim do mundo. E eu sempre pensei como seria fazer 18 anos em plena virada de década, século, milênio...
Mas e o outono de 99? Eu ainda tinha grandes expectativas nesta época, e nenhuma delas tinha relação com fazer tudo o que fiz depois. Talvez tenha sido ali que eu tenha sepultado minhas vontades e desejos mais genuínos, inebriado pelo cheiro dos cabelos dela e pela droga que inalávamos.
Mas olha, eu só estou escrevendo isso, pra eu te dizer que eu encontrei. Achei tudo que eu havia dito. Tenho lentamente recobrado minha alegria de viver. Lembrei de tudo aquilo que queria. E ao contrário dessas pessoas covardes que olham para o passado e se acham velhas demais para o antigo entusiasmo, eu só consigo pensar que a melhor hora pra conseguir tudo é agora. Talvez antes eu não estivesse preparado. Agora estou.
Such a nice evening.
Estou pronto para uma primavera de amor.
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