"A Lonely Roman", Pavel Svedomsky
Porque o céu hoje cedo, silenciou, depois de uma madrugada
de trovões e muita água;
Porque todos os seres noturnos cessaram seus lamentos;
Porque perdeste tua medalha da sorte em meio à multidão
indiferente;
Porque nas águas do Atlântico aprendeste que o Mar é
insuperável;
Porque gemendo descobriste que amar é um verbo intransitivo;
E foi também gemendo que descobrira que há sempre um novo
amor;
Porque caminhando a estrada sempre parece mais longa,
enquanto
de tua cama parece a ti que não há estrada alguma;
Porque com Cioran percebeste que todos os seres são tristes;
E com Shakespeare repetiste que o Inferno está vazio e todos
os demônios estão aqui;
Porque desperdiçaste teus melhores dias crendo estar
enfermo;
Porque conheceste cedo o mistério divino e rechaçaste-o;
Porque não te apetece a cólera ou a fé;
Porque és tu, jovem Narciso, teu único algoz e enfermeiro;
Porque as pedras rolam em teu peito;
Porque tens consciência daquilo que deveríamos ser
ignorantes;
Por tudo isso, deves deixar de contemplar a este abismo
interior,
E reparar na inefável sutileza da canção que apenas tu és
capaz de ouvir.
Agora dorme, pois que essa tristeza é passageira.
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