OEstrangeiro
Às vezes me invade como o exército alemão marchando sobre Paris quando estou triste;
Às vezes é pura escuridão, em seu silêncio sagrado.
Às vezes é como fazer sexo num dia de chuva;
Às vezes são dez mil olhos me observando de todas as paredes;
Às vezes é só a TV;
Às vezes é um rosto desconhecido e apavorado do outro lado do espelho;
Às vezes é desconfiança;
Às vezes é celebração;
E às vezes é dor, sim;
Às vezes me procura como um braço decepado atrás do resto do corpo;
Às vezes me abandona como uma ex-dona de casa livre para a vida;
Às vezes me atrai como a inocência que atrai o pedófilo;
Às vezes são crisântemos amarelos;
Às vezes é uma orquídea;
Às vezes uma violeta que resplandece no outono;
Às vezes a fúria do rock’roll;
Às vezes o lamento de um blues;
Às vezes, o surrealismo de Lynch;
Às vezes eu quero esquecer;
Às vezes estou envolvido demais;
Às vezes são ruas escuras por onde me perco quando procuro por tua mão;
Toda noite a noite me diz que “isso” é apenas uma volta ao lar,
E eu carrego bombas com as quais destruirei monumentos,
Pois o lar para onde o “isso” da vida me leva
Leva muito tempo para alcançar.
Às vezes ele se parece com uma canção anarquista espanhola,
Outras vezes ele me vem como teu sorriso.
Às vezes é viver dentro de tudo e ter tudo existindo dentro de mim.
2 comentários:
Nossa, Rô, que versos tristes e belos! Às vezes é tanta coisa que a gente nem sabe mais...
Postar um comentário