terça-feira, 8 de novembro de 2011

O poder da canção


Por um instante, esqueci o ano em que vivia. Era como se nada mais existisse. Quando o show terminou, lembrei de algumas atitudes da banda que já conheço há 15 anos. Ou seja, desses vinte anos, estive presente em 15, vibrando a cada álbum lançado. A banda que deixou de fazer clipes pra MTv porque queria que as pessoas lembrassem da musica, não dos vídeos. Que parou de dar entrevistas porque Eddie queria que as pessoas escutassem Pearl Jam pela música, não porque o vocalista é bacana ou fala coisas legais. Que iniciou um mega processo contra o monopólio de uma empresa de venda de ingressos para shows que lesava seus fãs, e voltou a fazer shows com essa empresa porque isso estava afetando ela, a música. E toda essa fidelidade à canção acima de tudo rende frutos, como nessa noite de 06 de novembro de 2011, ao menos pra mim, mas tenho certeza que ela é renovada a cada show para milhares de pessoas. Porque ali naquele local, só a música importava. Ver o quanto aqueles caras ainda sentem prazer tocando, e a felicidade pura com as canções, uma após a outra, pessoas de olhos fechados apenas sentindo, outras tantas pulando, cantando, still alive, todas elas. Mais vivas do que nunca eu diria. Não é qualquer banda que tem um tamanho repertório, que não são reféns de alguns hits fáceis e inescapáveis, que fazem questão de ficar o maior tempo possível em cima do palco. Comparem com um show dos Stones: As “explosões” de energia movidas a tubos de oxigênio, deveras ensaiadas, os caras que nem se falam no palco, o tédio em tocar certas canções... não, isso é outra coisa. Esta banda que acabou de encantar 35 mil pessoas no Rio de Janeiro vai saber quando parar. E a sensação é que esse dia ainda está longe, longe. Até lá, continuarão abrindo os shows com musicas inesperadas, tocando “even flow” na metade da primeira parte do show pra lembrar o ano de 1991, chamando o público pra gritar em “Daughter”, e por aí vai. A felicidade é assim, fluída, cabendo em 2 horas e 40 minutos de puro rock’n’roll, sem gelo.

Nenhum comentário:

Deixa eu bagunçar você

Durmo na esperança de sonhar contigo Acordo somente pro desejo de te encontrar Menos que obsessivo, meu amor por você é abrigo ...