Por um instante, esqueci o ano em
que vivia. Era como se nada mais existisse. Quando o show terminou, lembrei de
algumas atitudes da banda que já conheço há 15 anos. Ou seja, desses vinte
anos, estive presente em 15, vibrando a cada álbum lançado. A banda que deixou
de fazer clipes pra MTv porque queria que as pessoas lembrassem da musica, não
dos vídeos. Que parou de dar entrevistas porque Eddie queria que as pessoas
escutassem Pearl Jam pela música, não porque o vocalista é bacana ou fala
coisas legais. Que iniciou um mega processo contra o monopólio de uma empresa
de venda de ingressos para shows que lesava seus fãs, e voltou a fazer shows
com essa empresa porque isso estava afetando ela, a música. E toda essa
fidelidade à canção acima de tudo rende frutos, como nessa noite de 06 de
novembro de 2011, ao menos pra mim, mas tenho certeza que ela é renovada a cada
show para milhares de pessoas. Porque ali naquele local, só a música importava.
Ver o quanto aqueles caras ainda sentem prazer tocando, e a felicidade pura com
as canções, uma após a outra, pessoas de olhos fechados apenas sentindo, outras
tantas pulando, cantando, still alive,
todas elas. Mais vivas do que nunca eu diria. Não é qualquer banda que tem um
tamanho repertório, que não são reféns de alguns hits fáceis e inescapáveis,
que fazem questão de ficar o maior tempo possível em cima do palco. Comparem
com um show dos Stones: As “explosões” de energia movidas a tubos de oxigênio,
deveras ensaiadas, os caras que nem se falam no palco, o tédio em tocar certas
canções... não, isso é outra coisa. Esta banda que acabou de encantar 35 mil
pessoas no Rio de Janeiro vai saber quando parar. E a sensação é que esse dia
ainda está longe, longe. Até lá, continuarão abrindo os shows com musicas
inesperadas, tocando “even flow” na metade da primeira parte do show pra lembrar
o ano de 1991, chamando o público pra gritar em “Daughter”, e por aí vai. A
felicidade é assim, fluída, cabendo em 2 horas e 40 minutos de puro rock’n’roll,
sem gelo.
terça-feira, 8 de novembro de 2011
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