Há uma hora para se encontrar, e uma hora para se perder. E a loucura também começa a bater à minha porta.
E chega aquela hora em que a porta está aberta a sua frente, e você sabe que se atravessá-la, ela se fechará atrás de ti, e aí já era, ela vai se fechar de uma vez por todas. Nem sempre é assim, a maioria das vezes ela se fecha só por um tempo, e torna a abrir, e tudo que você tem a fazer é estar lá na hora certa...
Mas não é sempre que é assim. E quando penso nisso eu lembro daquela guria que me perguntava se eu ia continuar a encontrá-la depois que ela estivesse casada e com filhos, se ainda seria seu amante, e eu sorria e dizia que sim, não porque acreditasse nisso, mas porque me sentia mais feliz em fazê-lo, ela via a porta aberta, pra longe de mim, e aquela vertigem a chamava, pra longe do caos, pra longe das drogas pesadas que eu não usava mas ela só aplicava na minha presença (tinha medo de uma overdose), pra longe das conversas sobre terrores noturnos, longe do calor, pra longe daquele sótão, pra longe, enfim, do sexo ao som de "the velvet underground & Nico", pra longe de muita coisa que, na boa, até hoje eu não sei se sinto falta, mas que me deixaram uma marca que arde.
E hoje a loucura se insinua de outras formas, e é sempre insinuante. E eu tenho consciência de algumas coisas sobre mim que não sabia há três anos, às vezes eu acho que o tempo também passa para o tempo e ele já não é tão sábio quanto antes, não tão sábio como quando Céline escrevia sobre ele, o tempo chega para todos, até para o tempo, mas sobre isso eu não sei muita coisa;
Como, na real, eu não sei sobre porra nem uma. Eu não sei, mas conheço. E conhecer já é um começo. É o primeiro passo para aceitar.
É o tempo passando. E eu aqui, olhando o mar...
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