quarta-feira, 18 de julho de 2012

Delicadeza ou Desespero?



O amor é intoxicação. Quando não envenenamento. E eu penso nisso sempre que olho o número de livros, filmes, poemas, musicas e afins. E nem é preciso olhar o conteúdo, os títulos já entregam. Aliás, a quantidade de filmes que tinham a palavra "amor" (e seus derivados) essa temporada nos cinemas foi de lascar. Não que eu não goste, mas essa verve monotemática me enjoa às vezes.
(Ok, já pensei sobre a possibilidade disso ser recalque de pessoa mal-amada. Não precisa me lembrar. Mas mesmo em minha amargura em relação ao amor eu ainda consigo manter um olhar de longe pra falar sobre isso. Aliás, uma coisa é falar de amor na arte e falar dele como é. Sou principiante sim em termos de amor. Mas não somos todos? Segundo Truffaut, no amor os homens são sempre amadores e as mulheres profissionais. No que concordo absolutamente).
Mas voltando.
Há um filme em cartaz - que não vou assistir, of course - chamado "A Delicadeza do Amor". Por uma dessas coincidências, eu passava de ônibus em frente a um cinema com esse filme em cartaz e no meu celular tocava "The Desperate Kingdon of Love", da minha musa PJ Harvey.
Difícil contraste maior. Amor ou desespero? Porra, não acho o amor delicado. No meio do amor pode haver delicadeza, como pode haver delicadeza em passar manteiga no pão ou ao entrar no ônibus. Mas no fundo, é desespero. É tesão e medo de perder o ser amado. Claro que não tô julgando o filme que não vi e nem vou ver. O título em si não diz muito. Poderia ser sobre a delicadeza que pode haver no amor, e sem dúvida há (mas pelo que soube, o filme é isso mesmo: o amor é delicado). Tanto faz. Mas me chamou atenção o fato de os nomes enfatizarem aspectos tão diferentes do amor. Ou talvez momentos diferentes. Momentos. A delicadeza existiria após a fúria, o furacão que varre todas as nossas certezas? Há quem viva desses vendavais. E, após a explosão inicial, rompem e partem em busca de um novo amor. E há quem não conheça essa explosão, que só desfrutam o que no amor há de delicado e calmo e... pouco. Existe amar pouco? O amor é sempre demasiado, carrega consigo uma porção desesperada. Sublimar esse desespero não significa extirpá-lo. Mas e o amor sem delicadeza, resiste? Não sei. Sei que o amor feito de som e fúria é uma vela que queima dos dois lados, e que não vai durar a noite inteira. Mas, como diria Neil Young, é melhor arder em chamas do que evaporar.

Um comentário:

camila bravim disse...

rs, você fez uma crítica de um filme que não viu (brincadeira) gostei bastante do texto.... assim.... como amiga de longa data.... posso sugerir fazer uma crítica ao "on the road" queria saber mais sua opinião sobre ele.... que no final das contas você não disse muito..... beijos beijos

Deixa eu bagunçar você

Durmo na esperança de sonhar contigo Acordo somente pro desejo de te encontrar Menos que obsessivo, meu amor por você é abrigo ...