domingo, 28 de abril de 2013

Lobo Antunes



“Talvez possamos tentar fazer amor. Essa ginástica pagã que nos deixa no corpo, depois de acabado o exercício, um gosto suado de tristeza no desastre dos lençóis: A cama não range (...) perturbando as carícias sem ternura que são como que o motor de arranque do desejo, nenhum de nós sente pelo outro mais do que uma cumplicidade de tuberculosos num sanatório, feita de uma melancólica tristeza de um destino comum, já vivemos demais para correr o risco idiota de nos apaixonarmos, de vibrarmos na alma e nas tripas exaltações de aventuras, de nos demorarmos tardes a fio diante de uma porta fechada, de ramos de flores em riste, ridículos e tocantes (...), o tempo trouxe-nos a sabedoria da incredulidade e do cinismo, perdemos a simplicidade da juventude com a segunda tentativa de suicídio (...) e desconfiamos tanto da humanidade quanto de nós mesmos, por conhecermos o caráter azedo do nosso egoísmo oculto sob as aparências de um verniz generoso".

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