E daí que seja você a ditar o ritmo de meus dias
mesmo sem saber?
E daí que você me vire as costas quando te chamo?
Eu sei admirá-las também, tão bem como
o resto de seu corpo.
E daí que eu lembre de ti ao escutar
a Lacrimosa de Mozart?
E daí?
E daí meus delírios em febre,
meus dias escuros
meus poemas mal escritos?
Somos dois personagens de uma lenda antiga
Avatares de deuses caprichosos
Boxeadores cansados,
Aguardando o soar do gongo.
Brincando de alquimistas entre o crepúsculo e a aurora.
Crentes nas horas vagas,
Minha fome fazendo amor com seu cinismo.
Num sonho do qual pouco me lembro,
Você chegava vestida de cinza ao meu funeral
e chorava.
Nem você, nem eu, não ele,
eu e você, nós nunca fomos tão felizes.
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