Inferno, o que fizeram do meu coração?
Ele costumava estar no lugar correto.
Agora tenho que me acostumar com ele por aí.
Correndo derrubando coisas bagunçando meu quarto
Enquanto tomo meu café da manhã.
Quando acendo o primeiro cigarro do dia
Ele se agita mais ainda, quase o escuto gritando
E ele sai às ruas antes de mim;
O maldito, estou sempre um passo atrás dele.
Às vezes ele some.
Não é incomum encontrá-lo seguindo alguma passante,
Hipnotizado pelo balançar de alguma saia distraída.
Ou então tenho de recolhê-lo de alguma lixeira,
Escondido sabe-se lá de que, de quem
(de mim?)
Soluçando enquanto murmura frases desconexas
Qualquer coisa sobre uma mulher que sumiu
No clima seco do cerrado;
Outra que ficou para trás e faz falta,
Outra que nunca vai ser sua de verdade;
Confesso que não sei do que ele fala.
Só queria ele aqui,
No lado esquerdo do peito.
Mas ele me evita. E bebe.
E fuma e joga e chora.
E some nas sextas-feiras, e como um gato,
Só volta na segunda pela manhã
Cheirando a vinho barato e bordéis.
Já pedi a ele, já implorei.
Quis que ele ficasse no lugar.
Mas pra ele o peso é terrível.
E eu pago o preço de carregar um coração psicótico.
Sei que um dia, enquanto estiver dormindo,
Ele vai me devorar por inteiro.
sexta-feira, 10 de setembro de 2010
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