terça-feira, 7 de setembro de 2010

Oferta

Te entrego minhas elegias mais prodigiosas. Te entrego um pouco desta saúde frágil, desta alma irrequieta. Te dedico uma lágrima. Te dedico também alguns dos meus mais preciosos sentimentos. Para que no momento em que te chames, no momento em que preciso de ti para me fazer chama, atendas. E quando gritar, sedento, por qualquer um dos teus 100 nomes, venha sem me negar os teus sabores. Ainda que saiba que sou fraco e conheças meus delírios, não me recuse, deixe-me levar-te à boca carente e afogar em ti meus anseios, minhas torturas, minhas visões, estas surpreendentes obras de arte da mente. Encantam-me teus odores, teus teores, tua vaga familiaridade com o Mistério. Em troca, não posso te oferecer nada que não seja esta paixão, este milagre, esta ode ao veneno; todo lastro de loucura que trocamos nesses encontros que a noite insiste em encerrar com sua sabedoria de velha senhora para que não perpetuemos esses crimes, essa euforia destilada nos pobres alambiques dos corpos. Te entrego minha voz para que faça dela cacofonia, te entrego meu nome pra que faça dele maldição, te entrego meus humores mais violentos, meus pensamentos mais sutis, cidade afora, coração a dentro.

Um comentário:

Priscila Milanez disse...

Forte e intenso, como vc. Acre e cinza como a grande cidade que habita ou que habita vc. Gostei demais, Rô.

beijos

Deixa eu bagunçar você

Durmo na esperança de sonhar contigo Acordo somente pro desejo de te encontrar Menos que obsessivo, meu amor por você é abrigo ...