domingo, 26 de setembro de 2010

Pequenas Alegrias

Há um pequeno poema caindo do bolso da minha calça
Há estrelas caindo do teto da igreja
Há a garota assustada encolhida no canto da cama
Há o homem grande e triste segurando um copo de whisky
Há a mãe mentindo para o seu filho dizendo um dia ele vai ser feliz
Há os que acreditam em mães carinhosas e bem-intencionadas
esses se tornam psicopatas ou suicidas
Mães não vão para o inferno
Há uma espécie de limbo para as mães e elas estão todas lá
Há os que não prestaram atenção em suas mães
esses assobiam swamp music no metrô
e voltam para suas casas lendo "o monstro do pântano"
esses terão apenas pequenas alegrias
como afagar a cabeça de um cachorro
ou abraçar o porteiro do restaurante
Mensagens fúnebres na noite de Natal
Mas eles já estavam preparados
por isso apenas enchem seus olhos de lágrimas
enquanto servem outra dose
ao contrário dos outros que arrancam os cabelos
e arremessam telefones contra a parede
esses querem vingança
e acham que enganam Deus quando se ajoelham pra rezar
Os que não ouviram suas mães não rezam
apenas andam por aí com seus pequenos poemas caindo
do bolso de suas calças
e fazem de suas pequenas alegrias uma farra eterna
Há essas pessoas simples e evidentemente tristes
que enchem de alegria meu coração presciente
E há essas mulheres lindas que querem conquistar o mundo
e que inevitavelmente perdem todo o charme
quando procuram esbaforidas algo em suas bolsas

                                           (Mário Bortolotto)

Um comentário:

Priscila Milanez disse...

Putz, Rô, que texto foda. O li inteirinho achando que era seu. E bem poderia ser, de fato. Vi tuas letras nele.

beijos, querido que em suas passagens por essa capital, eu nunca encontro. Nos perdemos por aí, como todos se perdem todos os dias em todos os lugares. Te gosto demais, apesar da distância e da ausência.

Deixa eu bagunçar você

Durmo na esperança de sonhar contigo Acordo somente pro desejo de te encontrar Menos que obsessivo, meu amor por você é abrigo ...