sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Delírio com Zaratustra


Foi irresponsavelmente que aquele velho bateu à minha porta, e foi sem pensar que eu abri e o convidei para um chá. Ele falava baixo e com convicção, dominava as palavras como outros dominam seres humanos. Não me calou uma vez sequer, ainda que não tenha parado de falar um instante. Falamos das coisas da vida, das inconstâncias dos quereres, da estupidez e da alegria. E nada fazia sentido naquela ilógica fantasia de dois seres humanos se entendendo profunda e perfeitamente. Quantas noites de segunda-feira teremos deixado cinzentas com essa fantasia? Quantas amarguras, lances de escadas reflexivos deixando pra trás apenas uma porta batida com força, um copo de conhaque pela metade, uma camiseta branca atirada ao chão, cinzeiros quebrados espalhando as cinzas de quartas que nem foram de carnaval? E quantas pessoas foram enganadas pelas promessas de um dia melhor, por um “muito obrigado” ou “bom dia” dito mecanicamente, quem foi que me ensinou as lamentações noturnas de uma embriaguez genuína? Esse velho. Suas histórias. Seus olhos de doce crueldade. Sua insensatez. Esse vendedor de relíquias antigas roubadas dos templos de deuses esquecidos que outrora foram venerados por loucos e santos. Nos damos as mãos como cúmplices de um crime sujo a ser cometido. Refletimos sobre isso sem muita paciência ou método, irrefletidamente nos atiramos à estrada perdida.

Um comentário:

Camila Bravim Silveira disse...

do caralho!!!!
porra essa sua nova fase... du caralho!!!
parece que apagar as coisas e recomeçar de novo..... do caralho!!!
mudou sutilmente o estilo... e pra melhor!!!
massa
adorei

bj bj

Deixa eu bagunçar você

Durmo na esperança de sonhar contigo Acordo somente pro desejo de te encontrar Menos que obsessivo, meu amor por você é abrigo ...