sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

O Poço e o Pêndulo


A primeira vez que li “O Poço e o Pêndulo”, tinha  11 anos de idade. E que transtorno aquela leitura provocou em minha alma! Pensando retrospectivamente, posso ver agora como muito do que sou está relacionado ao tumulto causado pelas leituras de Alan Poe. Para aquela criança que eu era, de repente toda a verdade do universo parecia só ser atingível através das experiências mais horrendas, os delírios mais absurdos, as sensações mais radicais. Eu consegui ver na violência e no horror, beleza; na solidão e na melancolia, descobertas; na morte, revelação. Não só meu gosto estético foi influenciado, mas minha visão de mundo, para além do que mesmo eu ou você que me conhece possamos reconhecer ou admitir. Poe cria uma sinfonia de medo, angústia e desespero para os nossos nervos, e há sempre o risco de que nos acostumemos a isso. A tragédia, sempre ela, dita o ritmo de seus escritos. O fim que espreita está sempre fora de nosso controle, para além de nossa vontade e esforços. Sugiro que quem gostar do tema assista a esse filme (ou curta) de Jan Svankmajer, baseado nesse conto de Poe. É belo. E humano. Ah, mas não humano como está em moda dizer hoje em dia. É demasiado humano...






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